Dona de mais de 100 lojas de insumos agrícolas, a AgroGalaxy protocolou, nesta quarta-feira, 18, um pedido de recuperação judicial. O movimento aconteceu na esteira do vencimento de uma amortização no valor de R$ 70 milhões.
O pedido foi ajuizado em segredo de Justiça — retirado oficialmente pela 19ª Vara Cível e Ambiental da Comarca de Goiânia somente nesta quinta-feira, 19. A empresa também conseguiu o aval para uma “blindagem” contra os credores.
O anúncio ao mercado aconteceu pouco depois da companhia anunciar a renúncia do diretor-presidente, Axel Jorge Labourt, que passou o bastão para o então diretor financeiro Eron Martins. Outros cinco membros do conselho de administração da empresa também deixaram os cargos.
Ao todo, a AgroGalaxy tem uma dívida líquida de mais de R$ 1,5 bilhão com bancos e Certificados de Recebimento do Agronegócio (CRAs). No entanto, o montante é ainda mais alto, uma vez que também que inclui a conta de fornecedores, que ultrapassa os R$ 4 bilhões.
As ações da companhia despencaram mais de 45% desde o anúncio do pedido judicial.
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Economia e eventos meteorológicos comprometeram AgroGalaxy
Controlada pela Aqua Capital, a AgroGalaxy teve um boom nos últimos anos. Adotou, por exemplo, uma estratégia de forte consolidação ao adquirir revendas.
No entanto, a combinação da queda nos preços das commodities, eventos climáticos adversos e elevação dos custos de produção aumentou de forma expressiva a inadimplência dos produtores rurais.
Por isso, a notícia do pedido de recuperação não surpreendeu quem acompanha de perto o setor. Aliás, os resultados financeiros da empresa já ilustravam bem esse cenário desde o ano passado.
À exceção do quarto trimestre de 2023, a companhia vinha registrando prejuízo ajustado, margens de rentabilidade negativas e queda na receita líquida. Além disso, a dívida do negócio se mantinha constante nos últimos meses.
No segundo trimestre de 2024, a AgroGalaxy teve prejuízo líquido ajustado de R$ 362,4 milhões, 41% maior na comparação com igual período do ano passado.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi negativo em R$ 83,4 milhões no segundo trimestre deste ano, ante R$ 72,5 milhões negativos em igual período do ano anterior.
Em comunicado, a AgroGalaxy diz que todos esses fatores impactaram de forma significativa a liquidez da companhia.
“O AgroGalaxy tentou, de todas as formas, evitar recorrer à Justiça, mas a medida é necessária para proteger o negócio e, mais importante, permitir que a empresa siga trabalhando lado a lado com os agricultores”, disse Eron Martins.
A companhia afirmou ainda que vai adotar medidas adicionais para aumentar a eficiência operacional, com redução de custos fixos, melhoria do mix de produtos, além da otimização do capital de giro.
“Conduziremos todo o processo sempre com muita transparência e respeito a todos os envolvidos, especialmente os produtores rurais”, acrescentou o presidente. “Estamos seguros de que as relações estabelecidas com nossos clientes e fornecedores nos darão a base necessária para enfrentar este desafio, bem como seguirmos fortalecendo o agronegócio brasileiro.”
Fonte: Oficial