O acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia (UE), anunciado oficialmente depois da cúpula do Mercosul em Montevidéu, cobrirá 780 milhões de pessoas, mas enfrenta desafios políticos e econômicos significativos. Ainda serão necessárias aprovações nos países e no Parlamento Europeu.
No Brasil, o setor automotivo sempre contou com proteções, como altas tarifas sobre carros importados. Isso permitiu que as empresas locais mantivessem padrões menos competitivos em termos de custo, tecnologia e qualidade, comparados aos mercados globais.
Com isso, o professor acredita que a abertura comercial com a UE pode forçar o setor a se adaptar, melhorar processos, investir em novas tecnologias e reduzir custos para se manter relevante.
“Da mesma forma, a exposição à competitividade internacional estimula a inovação e a produtividade, uma vez que setores muito protegidos acabam se ‘acomodando’ às barreiras tarifárias. Um exemplo é a indústria automobilística no Brasil, historicamente acostumada ao excesso de protecionismo.”
Proteção de setores estratégicos
Vioto também ressalta o impacto geopolítico do pacto. “Tanto o Mercosul quanto a União Europeia são, em grande parte, dependentes dos mercados dos Estados Unidos, China, Rússia e até do Oriente Médio.”
Desta maneira, o acordo também tem um caráter estratégico. “Em um momento de tensões globais e guerra, um acordo como este oferece previsibilidade e abre possibilidades para que ambos os blocos assumam papéis mais relevantes no cenário internacional.”
Segundo informações do Itamaraty, o Brasil e os demais países do Mercosul se comprometeram a liberalizar cerca de 91% dos bens comercializados com a União Europeia, enquanto aproximadamente 85% do valor das importações provenientes do bloco europeu também terão suas tarifas eliminadas ou reduzidas gradualmente.
O texto do acordo, no entanto, contempla exceções para proteger setores estratégicos ou sensíveis das economias envolvidas.
Fonte: Oficial