O economista Daniel Vargas, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), avalia que o acordo com o Mercado Comum do Sul (Mercosul) impede a União Europeia (UE) “de ir para o buraco”. O docente deu a declaração durante o Jornal da Oeste, nesta sexta-feira, 6.
“Creio que esse acordo para a Europa é uma tentativa, quase desesperada, de não deixar o bloco europeu ir para o buraco”, afirmou Vargas. “Veja que a UE, quando foi criada, era um bloco econômico que tinha três pilares de apoio fundamentais. O primeiro é o Reino Unido, que já saiu. O segundo é a Alemanha, que vive uma crise econômica estagnada e a França, que vive uma crise tremenda, com déficit de 6%, com uma resistência à direita e à esquerda.”
O professor explicou que, na França e na Alemanha, os principais países da UE, cresce um movimento de crítica à existência do bloco econômico. Na visão dos ativistas, a União Europeia serve apenas para impor burocracia e dificultar a competitividade dentro da Europa.
Os líderes do Mercosul e da União Europeia concluíram as negociações do acordo de livre-comércio entre os países integrantes dos blocos nesta sexta-feira. A ação ocorre depois de 25 anos de diálogo. A assinatura ocorreu em Montevidéu, no Uruguai.
Apesar da finalização das negociações, ainda não está em vigor e não há previsão de quando será oficializado. O acordo depende da aprovação interna de países dos blocos econômicos. No Brasil, por exemplo, o Congresso Nacional precisa aprovar o documento.
Acordo entre Mercosul e UE será positivo para o Brasil, avalia economista
Vargas ainda explicou o impacto do acordo econômico para o Brasil. Segundo o docente, o agronegócio será o setor mais impactado com a medida. O professor avalia que a negociação será boa para o país.
“Para o Brasil, temos muito mais vantagens do que desvantagens para o agro”, afirmou Vargas. “Creio que essas vantagens estejam sendo superestimadas. A vantagem é que hoje temos um mercado imensamente restrito aos nossos produtos. Nosso agro tem uma participação pequena no mercado europeu, mas tende a aumentar. Exportamos 2% da carne que eles consomem e vai para 4%, que é o dobro.”
O docente acredita que o livre-comércio entre os blocos econômicos vai incentivar no desenvolvimento do agronegócio brasileiro. Vargas disse que pode abrir portas para aumentar a produção de produtos industrializados. Além disso, tira um estigma contra os produtos do Brasil, que há no mercado europeu.
“O acordo tende a abrir espaço para os europeus compreenderem e consumirem parte dos nossos produtos, quem sabe reconhecendo a nossa qualidade e diminuindo a sua resistência”, afirmou o economista. “De outro lado, isso também vai provocar ao Brasil a buscar formas de qualificar a nossa produção, aprender um pouco com aquela parcela do agro europeu, que é competitiva e industrializada, como a produção de vinhos, champanhe.”
Confira a entrevista completa do economista Daniel Vargas ao Jornal da Oeste, no canal da Revista Oeste no YouTube. O programa é transmitido ao vivo, de segunda-feira a sexta-feira, a partir das 16h.
Fonte: Oficial