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Construtoras querem incentivar beneficiários do Bolsa Família a trabalharem em obras

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Construtoras querem incentivar beneficiários do Bolsa Família a trabalharem em obras

Empresas de construção civil enfrentam o desafio de atrair trabalhadores para seus canteiros de obras. Em resposta, as construtoras desenvolvem uma proposta para incentivar beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família, a ingressarem no setor. O jornal O Estado de S. Paulo divulgou a informação nesta segunda-feira, 9.

A medida surge em um contexto de alta demanda por mão de obra, impulsionada pelo aquecimento do mercado imobiliário. Segundo Rubens Menin, fundador da MRV, os programas sociais, embora essenciais, competem com a contratação formal, o que dificulta a atração de novos trabalhadores.

“Precisamos dos programas sociais no Brasil”, afirmou Menin, que também é dono do banco Inter e da Novus Mídia, empresa controladora da emissora CNN Brasil. “Mas eles são nossos concorrentes.”

O objetivo é apresentar uma proposta oficial ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que viabilize a entrada desses beneficiários no mercado de trabalho formal.

Rodrigo Luna, presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), também defende a criação de políticas que promovam a autossuficiência dos trabalhadores.

“Somos um país pobre e que precisa cuidar do lado social”, afirmou o representante do Secovi-SP. “Mas também precisamos criar políticas que resgatem a dignidade das pessoas e proporcionem oportunidades para que se tornem autossuficientes.”

Construtoras oferecem salários acima da média

Rubens Menin, presidente da MRV Engenharia, durante visita a obras da construtora | Foto: Jonne Roriz/Estadão Conteúdo

Atualmente, o setor de construção civil emprega cerca de 2,9 milhões de pessoas no Brasil, número próximo ao recorde de 3,1 milhões, em 2014. O salário médio de admissão atinge os R$ 2,3 mil, atrás apenas dos setores de finanças e administração pública. Bons profissionais, como carpinteiros experientes, podem receber salários superiores a R$ 10 mil.

A proposta das construtoras está em fase de elaboração e pode incluir campanhas que destaquem as vantagens de trabalhar na construção civil. Além disso, sugere-se a flexibilização de parâmetros que permitam aos beneficiários do Bolsa Família ingressarem no mercado sem perder o auxílio.

A falta de trabalhadores qualificados não apenas força a elevação dos salários, mas também ameaça a produção e pode gerar inflação, segundo Menin.

O Bolsa Família, que existe há 21 anos, apoia 20,7 milhões de famílias com um valor médio mensal de R$ 684. Embora algumas famílias já tenham membros empregados formalmente, muitos beneficiários continuam em postos informais, como faxineiros e pedreiros, cujo número exato é indeterminado.

Beneficiários recebem auxílio mesmo com emprego formal

Desde 2023, uma regra permite que famílias mantenham parte do benefício por até 24 meses, mesmo depois do aumento de renda, mas muitos ainda hesitam por causa da insegurança do mercado formal.

A professora do Insper e especialista em políticas públicas Laura Muller Machado disse que o desafio é garantir que a transição do benefício para o emprego formal seja segura e viável. Ela considera que há incerteza sobre a continuidade do trabalho e do salário pode desestimular os trabalhadores.

“Caminhar do benefício para o mercado de trabalho é difícil”, explicou Laura. “O mercado é incerto em termos de continuidade da vaga e do salário. Perder a bolsa integral assusta, até porque as pessoas de menor escolaridade são cada vez mais expulsas do mercado de trabalho. O ideal seria ter um prêmio e uma redução gradual do benefício.”

Fonte: Oficial