Dirigentes da área de infraestrutura do governo federal têm pressionado na mídia nacional e regional para que a permissão para remover parte do Pedral do Lourenço, no Pará, venha em janeiro de 2025.
A obra permitirá a concessão para o setor privado de uma hidrovia que transportará acima de tudo minérios, soja, carne e outras commodities até portos exportadores em Barcarena, na saída para o Atlântico.
Enquanto isso, o Ibama afirma aguardar “a entrega das complementações pelo DNIT para prosseguir na análise relativa a esse licenciamento”. A informação é da Assessoria de Imprensa do órgão ambiental.
O DNIT, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, responde pelo projeto de derrocamento do Pedral do Lourenço.
Em agosto, o Ministério Público Federal pediu a anulação do licenciamento por problemas como a suposta falta de consulta prévia, livre e informada a indígenas, quilombolas e ribeirinhos, como prevê a Organização Internacional do Trabalho.
Entre as paraenses Marabá e Tucuruí, o Pedral do Lourenço naturalmente impede o trânsito de grandes embarcações, sobretudo nas secas. Mudar isso exigirá a explosão e remoção de rochas e a dragagem permanente de areia.
Dependendo da fonte – se de governos ou pesquisadores –, as intervenções no Pedral influenciarão de 200 km a 500 km do Rio Tocantins e “todo o conjunto de seres vivos que dele depende”, salientou o Ministério Público Federal.
Reportagem em ((o))eco mostrou que, no manancial e sobretudo no Pedral, há pelo menos 25 espécies de peixes ameaçadas. O Rio Tocantins todo tem 229 espécies exclusivas de peixes. Se forem perdidas, podem não mais voltar.