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Jardim de Alah, no Rio, terá manifestação neste sábado contra corte de árvores

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Jardim de Alah, no Rio, terá manifestação neste sábado contra corte de árvores

O Jardim de Alah é um parque urbano situado às margens de um curso d’água que conecta a Lagoa Rodrigo de Freitas ao mar, na zona sul do Rio de Janeiro. A área verde que acompanha o canal foi objeto de concessão pela Prefeitura do Rio em 2023 e tornou-se palco de uma queda de braço depois que veio à tona, no início de fevereiro, o projeto de revitalização do parque, que inclui o corte de 130 árvores e construção de pontos comerciais ao longo do canal. A Associação de Moradores do Jardim de Alah convoca para este sábado (22), das 9:30 às 10:30 da manhã, uma manifestação no jardim contra a retirada das árvores e a descaracterização do parque.

Em comunicado, a concessionária Rio+Verde, responsável pelo empreendimento, justifica que a supressão das 130 árvores foi autorizada por “diversos motivos, incluindo doença, decesso e a inadequação de espécies exóticas cujas raízes destroem a infraestrutura pública e impedem a acessibilidade das calçadas”. Além disso, informa que “serão plantadas cerca de 300 novas árvores” no parque, além da compensação ambiental de plantio de mais 1.300 em locais a serem definidos pela Secretaria de Meio Ambiente da Cidade (SMAC).

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De acordo com o levantamento arbóreo do projeto, das 299 árvores – número exato – que serão plantadas no Jardim de Alah, 95 são palmeiras, o que significa uma copa menor e menos sombra do que uma árvore frondosa.

Pouco mais da metade das árvores marcadas para remoção são espécies exóticas. 

Na lista das 57 árvores nativas a serem removidas estão alguns exemplares de copas largas e frondosas de espécies como o ipê-rosa (Handroanthus heptaphyllus), o ipê-roxo (Handroanthus impetiginosus), o pau-ferro (Libidibia ferrea), a babosa-branca (Cordia superba) e a canafístula ou farinha-seca (Peltophorum dubium) com indivíduos de até 78 centímetros de diâmetro de tronco.

O projeto prevê ainda a transplantação de um jovem pau-brasil (Paubrasilia echinata), situado às margens do canal, e outras 11 árvores nativas ainda em estágio inicial de desenvolvimento.

As árvores darão espaço para novas calçadas, ciclovias, rampas e edificações. Ainda conforme o levantamento, serão mantidas outras 551 árvores já existentes no Jardim.

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Vista área do projeto proposto para revitalização do Jardim de Alah. Foto: Prefeitura do Rio/Divulgação

Segundo o memorial descritivo do Parque Jardim de Alah, as construções incluem: uma alameda de lojas, praça de alimentação e estacionamento; creche; quadra coberta; seis quiosques; e sanitários públicos. De acordo com outro documento, “o espaço é público com administração particular, haverá trechos com fluxo vigiado e período de acesso limitado em função do uso comercial e escolar”.

A concessão do Jardim de Alah foi celebrada em novembro de 2023, após a vitória do Consórcio Rio+Verde – formado pelas empresas Accioly Participações, DC Set Group, Opy Soluções Urbanas e Pepira – na licitação. O contrato, com duração de 35 anos, prevê investimentos de mais de R$ 110 milhões no parque.

Um abaixo-assinado organizado pela Associação dos Moradores do Jardim de Alah em março de 2023 já protestava contra o modelo de concessão adotado pela prefeitura, que abre espaço para exploração comercial por meio de lojas, quiosques, restaurantes e eventos.

O Jardim de Alah cobre uma área de aproximadamente 95 mil metros quadrados situada entre os bairros de Ipanema e Leblon, na zona sul do Rio. Em 2000, o jardim foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como parte da Lagoa e seu entorno, reconhecido então como patrimônio cultural brasileiro. E em 2001, a área foi tombada novamente, dessa vez como patrimônio municipal.