A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a comercialização, fabricação, manipulação, propaganda e uso do produto Metbala, uma bala tipo gummy com tadalafila, substância indicada para tratamento de disfunção erétil. A medida foi tomada após a constatação de que o produto era vendido sem qualquer regulação oficial.
A tadalafila é um dos medicamentos mais vendidos no Brasil, usada não apenas contra disfunção erétil, mas também para hiperplasia prostática benigna e hipertensão arterial pulmonar, sob nomes comerciais como Cialis e Adcirca. Apesar de ser um remédio de tarja vermelha, que exige receita médica, o uso recreativo vem crescendo com o incentivo de celebridades e músicas populares.
A exposição midiática, como na música viral “Tadalafila” de Os Barões da Pisadinha e Alanzim Coreano, contribuiu para o uso indevido da substância, principalmente entre jovens sem qualquer diagnóstico clínico. Em 2023, as vendas aumentaram quase 40% em relação ao ano anterior, de acordo com o Conselho Federal de Farmácia (CFF).
“Esses produtos não são inofensivos”, alertou a Anvisa em nota. A agência reforça que automedicação pode trazer consequências sérias, e promover produtos irregulares configura infração sanitária passível de multa. Nos últimos anos, a tadalafila também passou a ser usada por frequentadores de academias, com a falsa promessa de auxiliar no ganho de massa muscular. A teoria é de que a substância aumenta o fluxo sanguíneo nos músculos durante o exercício, mas não há comprovação científica que sustente essa finalidade.
Especialistas alertam que a prescrição com esse objetivo não tem respaldo em protocolos médicos e pode configurar conduta antiética por parte de profissionais da saúde. O uso da tadalafila pode causar efeitos adversos como:
- Dor de cabeça e dores musculares;
- Rubor facial e congestão nasal;
- Priapismo (ereção prolongada e dolorosa);
- Perda de audição ou visão;
- Queda na pressão arterial e complicações cardíacas.
A substância é contraindicada para pacientes que usam medicamentos com nitratos, pessoas com doenças cardíacas que impedem atividade sexual e quem apresenta hipersensibilidade ao princípio ativo. Por ser um remédio com efeitos potentes no organismo, a tadalafila só deve ser usada com receita médica e orientação profissional. Seu uso inadequado pode mascarar outras doenças e levar à dependência psicológica, especialmente entre os que recorrem ao medicamento por insegurança quanto ao desempenho sexual.
“O paciente que não tem disfunção erétil não deve usar tadalafila. A droga é absolutamente contraindicada nesse caso”, alerta Joaquim Francisco de Almeida, do CREMESP. “O uso deve ser prescrito e acompanhado de perto por um profissional”, reforça Fátima Cardoso, conselheira do Conselho Federal de Farmácia em Sergipe.