As chuvas fortes e enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul (RS) entre abril e maio de 2024 causaram danos expressivos à vegetação nativa do estado, destruição esta que começa agora a ser calculada. Levantamento realizado pelo MapBiomas, divulgado nesta quinta-feira (15), mostra que as enchentes do ano passado fizeram o desmatamento causado por eventos extremos no estado aumentar em 10 vezes.
Segundo dados do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD), em 2024 foram contabilizados 627 ocorrências de eventos extremos no estado, que causaram 2,8 mil hectares de desmatamento.
Em 2023, os sistemas de monitoramento haviam registrado apenas 3 eventos climáticos que também resultaram em perda de vegetação. O saldo de destruição naquele ano foi de 2,8 hectares de desmatamento.
Por conta dos números altos registrados no Rio Grande do Sul – um crescimento de 70% em relação ao ano anterior para o estado – o total desmatado na Mata Atlântica como um todo em 2024 se manteve estável em relação à 2023, enquanto todos os outros biomas registraram queda.
Em 2024, a Mata Atlântica como um todo perdeu 13.472 hectares de vegetação nativa (1,1% do total do país). Em 2023, a cifra registrada foi de 13.212, número praticamente igual.
”Não fossem esses eventos, o desmatamento teria reduzido 20% na Mata Atlântica em 2024”, diz Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas. Entre 2022 e 2023, a queda do desmatamento havia sido de 60%.

De acordo com Azevedo, o desmatamento provocado por eventos extremos no RS ocorreu principalmente devido a deslizamentos de terra. As áreas alagadas que posteriormente secaram não foram contabilizadas no levantamento, mesmo que tenha havido danos em algum grau à vegetação.
O MapBiomas Alerta é uma iniciativa do MapBiomas que consolida, valida e refina as informações emitidas por diversos sistemas de monitoramento do desmatamento no Brasil, como o Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e os Sistemas de Alerta de Desmatamento (SADs) do Imazon, do SOS Mata Atlântica-ArcPlan e do Pampa/UFRGS/Geokarten.
Cada alerta é analisado detalhadamente, gerando um laudo com imagens de satélite diárias, em alta resolução espacial, ilustrando o antes e o depois do desmatamento.