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Tarifaço: aliados de Tarcísio veem maior erro político dos Bolsonaros

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Aliados próximos do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), avaliam como um erro o envolvimento do clã Bolsonaro na polêmica do tarifaço anunciado pelo presidente americano Donald Trump contra o Brasil.

Segundo avaliação de um interlocutor do governador, a atuação do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) para pressionar o governo americano a aplicar sanções contra instituições brasileiras com forma de pressionar por uma reversão da situação judicial do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi “o maior erro político” da família até agora.

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A crise acabou atingindo Tarcísio, que passou a ser criticado por, em um primeiro momento, culpar a diplomacia do governo federal pela medida e não condenar a decisão dos EUA, que afeta diretamente setores industriais e do agronegócio do estado paulista. Depois, o governador moderou o discurso, pregou união e buscou diálogo junto a empresários e à Embaixada americana.

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Briga com Eduardo Bolsonaro

Após se reunir com o Encarregado de Negócios da Embaixada dos EUA, Gabriel Escobar, e modular o discurso, Tarcísio virou alvo de ataques de Eduardo Bolsonaro, que defende que a saída para a crise é negociar uma anistia para o pai e seus aliados acusados de golpe de Estado.

Aliados de Bolsonaro, no entanto, avaliam que Eduardo agiu “sob emoção” e outros integrantes da família se mobilizaram para amenizar o discurso radicalizado do filho 03. Sob reserva, a atitude do deputado licenciado diante da ameaça de Trump de aplicar uma sanção econômica ao Brasil foi criticada.

“O Eduardo está na linha de frente e está tomado pela emoção. O Tarcísio está numa posição aqui mais estratégica. Está olhando para umas coisas e o Eduardo está olhando outras coisas. Acho que não vai ter mais post de nenhum lado contra ninguém”, diz um interlocutor do deputado licenciado.

Outro aliado diz que Eduardo se sente pressionado, já que o governo de Lula conseguiu emplacar uma estratégia comunicacional sobre a taxação que se mostrou eficiente e já rendeu melhora na popularidade do presidente.

“O problema é se colar na cabeça da população que foi a influência do Eduardo com Trump, que taxou todo o país”, disse um deputado do PL.

A busca de Eduardo pelo confronto contra Tarcísio também é vista por aliados como “ciúme”. Mais palatável ao Centrão, o governador de São Paulo aparece como um candidato mais viável ao Planalto, enquanto partidos importantes da centro-direita são resistentes à eventual candidatura de Eduardo.

Bolsonaro encerrou troca de farpas

Diante da bronca do filho 03 do ex-presidente, os irmãos mais velhos do deputado licenciado, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador do Rio, Carlos Bolsonaro, já foram a público defender o governador de São Paulo.

Nessa terça-feira, Jair Bolsonaro disse ter ligado para Eduardo e Tarcísio para encerrar a troca de farpas e colocar “uma pedra em cima desse assunto”.

De outro lado, a avaliação no entorno de Tarcísio é de que ele já fez o que lhe cabia nesta fase das conversas e novos movimentos públicos apenas aumentariam o risco de desgaste do chefe do Palácio dos Bandeirantes, que recebeu críticas de todos os lados.

Diante disso, a expectativa é de que, após a reunião com empresários e a embaixada na última terça-feira (15/7), ele se afaste dos holofotes da negociação sobre o tarifaço. “Na cabeça dele, ele precisava entrar para ajudar as empresas. Agora, está mais tranquilo”, disse ao Metrópoles um aliado do governador.

Tarcísio e o tarifaço

  • Desde que Donald Trump anunciou a taxação de 50% sobre produtos brasileiros, Tarcísio modulou o discurso e foi alvo de críticas.
  • Em 9 de julho, dia em que a sanção econômica foi anunciada, o governador de São Paulo foi às redes sociais. “Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado”, escreveu.
  • A mensagem foi mal vista por agentes do mercado e interpretada como politização sobre um assunto econômico delicado, que afeta grandes empresas exportadoras estabelecidas em São Paulo.
  • No dia seguinte, Tarcísio concedeu uma entrevista coletiva em que acenou para a indústria de São Paulo e afirmou que o tarifaço era “deletério, principalmente para aqueles estados que têm produção industrial de maior valor agregado”.
  • Depois, o governador embarcou para Brasília, onde se reuniu com Jair Bolsonaro e informou o ex-presidente que negociaria com o encarregado de negócios dos Estados Unidos. Ainda em Brasília, Tarcísio se reuniu com o representante da embaixada americana, Gabriel Escobar.
  • Na terça-feira (15/7), foi a vez de Escobar ir a São Paulo para se reunir com Tarcísio e cerca de 20 empresários em uma reunião a portas fechadas no Palácio dos Bandeirantes. Na conversa de cerca de 1h30min, o encarregado de negócios sinalizou que os EUA podem negociar o tarifaço, que passa a valer apenas em 1º de agosto.
  • Tarcísio disse que deve entrar em contato com governadores de estados americanos para tentar reduzir a tarifa. Mercado vê falta de experiência
  • Segundo fontes próximas a Tarcísio, após se ver no centro da polêmica do tarifaço, recebendo críticas de vários lados, a tendência é que o governador se distancie do tema.

 

Fonte: www.metropoles.com