O cantor sertanejo João Vitor Malachias foi condenado a 35 anos, 10 meses e 14 dias de prisão em regime fechado pelo assassinato da dentista Bruna Viviane Angleri, de 40 anos, após a decisão de um júri popular. O caso aconteceu em setembro de 2023, em Araras, no interior de São Paulo.
A decisão da Justiça, assinada pelo juiz Djalma Moreira Gomes Junior, da Vara Criminal de Araras, ainda cita uma parte da pena pelo crime de furto e pela destruição de cadáver. Bruna teve parte do corpo carbonizado.
O magistrado também negou o direito do cantor sertanejo responder à condenação em liberdade. Ao Metrópoles, a defesa de João Vitor, chefiada pelo advogado Diego Emanuel da Costa, afirmou que vai recorrer.
“Vamos trabalhar em cima da fragilidade probatória e da observação da pena aplicada, que foi maior do que deveria, acima da média”, afirmou o advogado à reportagem.
Dentista foi encontrada carbonizada
A dentista Bruna Viviane Angleri, de 40 anos, foi encontrada morta na manhã do dia 27 de setembro de 2023 em Araras, no interior de São Paulo. O corpo dela estava carbonizado em cima de uma cama na casa em que ela morava, no bairro Distrito Industrial.
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Bruna Angleri
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Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), quando a Polícia Militar (PM) chegou ao local, o cômodo ainda estava em chamas. O Corpo de Bombeiros ajudou a conter o incêndio. Não havia outras pessoas no imóvel.
Bruna tinha uma filha de 6 anos e possuía uma medida protetiva contra o cantor sertanejo João Vitor Malachias, seu ex-namorado.
Essa não foi a primeira vez que João Vittor foi denunciado por uma ex-namorada. O cantor também tem um filho e já teve seu nome apontado em boletins de ocorrência registrados pela mãe da criança, acusando-o de ameaça e perseguição.
Wi-Fi entregou cantor
A perícia descobriu que o celular do cantor sertanejo João Vitor Malachias, de 30 anos, se conectou no Wi-Fi da casa da dentista Bruna Viviane Angleri, 40, na hora do assassinato. A vítima foi encontrada carbonizada em cima da cama, no interior paulista, no fim de setembro.
Para os investigadores, a nova prova derruba o álibi apresentado no inquérito por João Vittor, o nome artístico do cantor sertanejo, que alega ter passado a madrugada do crime na casa da sua avó. Preso temporariamente por suspeita de feminicídio, ele diz ser inocente.
O crime aconteceu na casa de Bruna, em Araras, no interior de São Paulo. Segundo a perícia policial, o celular de João Vittor entrou na internet da residência da dentista exatamente à 0h15min48s do dia 27 de setembro.
“Tal data e horário são compatíveis com a data e horário da morte da vítima Bruna Viviane Angleri”, atesta o documento. A investigação corre sob segredo de Justiça.
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Exame mostrou que vítima foi baleada no rosto
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Médico legista retirou fragmentos de bala do rosto de dentista carbonizada
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Fotos da cena do crime mostram que fogo foi direcionado contra a dentista
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Corpo da dentista Bruna Viviane Angleri, 40 anos, foi encontrado carbonizado em cima da cama
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Feminicídio
Ex-namorado da dentista, João Vittor se tornou o principal suspeito do feminicídio após os investigadores descobrirem que Bruna tinha uma medida protetiva contra ele.
Conforme revelou o Metrópoles, exames de raio-X realizados no corpo de Bruna também mostram que a vítima foi baleada no rosto. Estilhaços de projétil de arma de fogo, localizados na face da dentista, foram removidos por médico legista.
Fotos da cena do crime também mostram que só o lado da cama em que a dentista foi encontrada estava destruído pelas chamas. Segundo a investigação, não havia “nenhum elemento que possa dar indicativo que ocorreu algum curto-circuito” ou “vestígio de incêndio meramente acidental” no cômodo.
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Todos esses indícios levam a polícia a crer que Bruna foi assassinada “com crueldade”, “provavelmente após tortura” e “sem chances de defesa”. Para os investigadores, o incêndio foi provocado para “acobertar a real causa da morte”.
Câmeras de segurança
Na investigação, a Polícia Civil refez o passo a passo de João Vittor e de Bruna nas horas anteriores ao crime.
Por imagens de câmeras de segurança, os policiais descobriram que a dentista foi de carro até um bar na noite anterior ao assassinato. Ela deixa o estabelecimento sozinha às 22h34 e chega a sua casa 13 minutos depois.
As mesmas câmeras também flagraram que um veículo Honda Civic, registrado no nome da mãe de João Vittor, passou pelo bar quando Bruna ainda estava lá. Um garçom do local confirmou, em depoimento, ter visto o cantor no carro.
Ao levantar as imagens do condomínio onde a dentista morava, os investigadores perceberam uma “névoa de fumaça” registrada à 0h28. Segundo afirmam, a gravação mostra que o quarto de Bruna já estava pegando fogo nesse momento.
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Imagem de câmera de segurança mostra que cantor escondeu objetos do crime em capô do carro
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A Polícia Civil suspeita que cantor sertanejo retirou celular da vítima e revólver de dentro do capô
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Imagem de João Vittor carregando objeto embrulhado foi usada em pedido de prisão
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Flagra foi feito na manhã em que o corpo da dentista foi encontrado carbonizado
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Arma no capô
- Em depoimento, João Vittor declarou ter passado aquela noite na casa da avó, que fica a cerca de quatro quilômetros do local do crime, aonde teria chegado por volta das 20h30.
- Os policiais, entretanto, concluíram que o veículo do cantor sertanejo não estava estacionado na rua no horário que ele falou. Segundo a investigação, ele só chega à casa da avó à 0h58, já após o feminicídio, e sai novamente à 1h24, dirigindo um Fiat Doblô.
- “Os fatos ocorridos demonstram que João Vitor ficou exatamente 25 minutos na casa de sua avó, certamente o tempo necessário para tomar um banho, trocar de roupa e sair novamente”, diz o relatório.
- O destino do cantor era a casa do seu produtor, de acordo com a polícia. Lá, ele foi flagrado às 8h46, abrindo o capô do Fiat Doblô.
- Em seguida, ele pega um objeto, que a polícia acredita ser o celular da vítima, e coloca no bolso. Depois, sai segurando algo, embrulhado no pano, que “muito se assemelha a um revólver”, de acordo com a investigação.
Agressão da polícia
O cantor sertanejo João Vitor Malachias relatou à Justiça em outubro que sofreu abuso de policiais no momento que foi preso em Ribeirão Preto.
De acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), o suspeito fez a denúncia durante a audiência de custódia dele no Fórum de Ribeirão Preto.
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João Vittor foi preso no último domingo (8/10)
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Momento da prisão do sertanejo João Vittor
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João Vittor é suspeito do assassinato da dentista Bruna Angleri
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Ex-namorado é suspeito de matar dentista carbonizada
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O órgão judiciário informou que encaminhou cópia do termo da audiência à Corregedoria da Polícia Civil para que o eventual abuso cometido contra o cantor fosse apurado para a adoção das providências necessárias.
Fonte: www.metropoles.com