Home Noticias Morte em Interlagos: empresa de segurança omitiu nome de suspeitos

Morte em Interlagos: empresa de segurança omitiu nome de suspeitos

2
0

Dois nomes de pessoas ligadas à segurança do evento de moto onde o empresário Adalberto Junior foi visto vivo pela última vez, em Interlagos, na zona sul de São Paulo, foram omitidos da lista enviada à Polícia Civil pela empresa responsável por prestar o serviço no local.

A informação foi confirmada pela corporação em uma entrevista coletiva realizada na tarde desta sexta-feira (18/7). Um dos nomes omitidos foi o de Leandro de Thallis Pinheiro, lutador de jiu-jitsu preso em flagrante por porte ilegal de armas durante o cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão nesta sexta (18/7). Leandro foi solto após pagamento de fiança.

-- Anuncios Patrocinados --
Curso Automação sem Limites

Além dele, outras três pessoas foram conduzidas ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Segundo a polícia, se tratava de um representante da empresa responsável pela segurança do evento e três pessoas ligadas ao trabalho, inclusive em cargo de liderança da equipe. Um investigado ainda não foi localizado.

Os dois nomes omitidos pela empresa são tratados como os principais suspeitos do assassinato do empresário.

A polícia ainda investiga se a omissão dos nomes foi má-fé ou um erro da logística. Todos os investigados ficaram calados nos depoimentos.

Segurança e lutador de Jiu-jitsu

Encontrado após mandado de busca, Leandro ficou poucas horas em custódia policial, após ser preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo, na manhã desta sexta-feira (18/7). Ele pagou R$ 1.804 de fiança, arbitrada pela Polícia Civil, e deixou o prédio do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) no começo da tarde.

O lutador foi detido porque foram encontradas na casa dele 21 munições, calibre 38, durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão, durante o qual também foram apreendidos dois celulares e um notebook.

5 imagensFechar modal.1 de 5

Vídeo mostra difícil resgate de corpo de empresário morto em Interlagos

Reprodução2 de 5

Laudo encontra lesões no joelho de empresário morto em Interlagos

Reprodução3 de 5

Morte em Interlagos: empresário consumiu cerveja e maconha, diz amigo

Reprodução4 de 5

Autódromo de Interlagos, na zona sul de SP

Reprodução/ Jose Cordeiro/SPTuris5 de 5

Rafael Aliste (esq.) estava com empresário Adalberto Junior (dir.), encontrado morto em obra no Autódromo de Interlagos, na zona sul de SP

Reprodução/Redes Sociais

Outros três vigilantes foram encaminhados ao DHPP, após serem alvo de mandados de busca, assim como um representante da empresa Esc Segurança, a qual também teve um mandado de busca a ela direcionado.

Todos foram liberados, sem prestarem depoimento, após a Polícia Civil formalizar a apreensão de sete celulares e cinco notebooks. Os equipamentos serão periciados, para que eventuais provas, relacionadas à morte do empresário, sejam colhidas pela equipe de investigação.

O Metrópoles enviou questionamentos à empresa de segurança e não localizou a defesa dos outros quatro investigados. O espaço segue aberto para manifestações.

Entenda a cronologia do desaparecimento de empresário em Interlagos

Adalberto não voltou para casa após ter passado o dia com um amigo no evento de motocicletas no Autódromo de Interlagos. Em depoimento à polícia, o amigo descreveu como foi o dia em que o empresário desapareceu.

Amigos há cerca de oito anos, de acordo com o relato, os dois mantinham o mesmo interesse por motocicletas e participavam de um grupo de WhatsApp chamado “Renatinha Motoqueirinha”, no qual organizavam passeios de moto e conversavam diariamente.

Adalberto e o amigo participaram de test drives de motocicletas, das 14h30 às 17h. Em seguida, foram tomar um café em um dos quiosques e passear pelo evento. O empresário, então, teria sugerido que os dois tomassem uma cerveja.

 

Às 17h15, compareceram a uma ativação de motocross dentro do evento e, às 19h45, foram assistir ao show do cantor Matuê. Durante a apresentação, Adalberto e o amigo teriam usado maconha, adquirida de estranhos, no local, pelo próprio empresário. Eles beberam cerca de oito cervejas.

Segundo o depoimento do amigo, Adalberto estava alcoolizado e alterado. A combinação da maconha com a cerveja o deixou “mais agitado que o normal”, de acordo com o relato. Não houve brigas, desentendimentos ou qualquer outra situação que pudesse trazer problemas, contou o amigo.

O show acabou às 21h e os amigos se despediram às 21h15. Adalberto alegou que precisava ir embora para jantar com a esposa. O amigo permaneceu no evento, comeu um hambúrguer e tomou refrigerante. Ele disse que deixou o Autódromo de Interlagos às 22h30.

No depoimento, ele disse que chegou em casa às 23h e adormeceu. Por volta das 2h de sábado (31/5), recebeu uma mensagem da esposa do empresário perguntando sobre o paradeiro do marido.

No dia seguinte ao desaparecimento de Adalberto, no domingo (1º/6), o amigo que prestou depoimento teve uma motocicleta roubada. Ele contou que foi abordado por quatro indivíduos armados, que estavam em duas motos. Celular e capacete também foram levados.

Corpo encontrado em buraco

O corpo de Adalberto foi encontrado na Avenida Jacinto Júlio em um buraco de 2 metros de profundidade e 40 centímetros de diâmetro. De acordo com a diretora do DHPP, Ivalda Aleixo, o cadáver não tinha lesões aparentes, vestígios de sangue, ferimentos ou fraturas.

O empresário estava no buraco com um capacete “colocado” na cabeça e as mãos para cima, vestindo nada além de uma jaqueta e a cueca (entenda abaixo). O cadáver ainda tinha muita terra no rosto e nas mãos, em razão de o empresário ter ficado dentro de um vão de uma obra, realizada perto do Kartódromo de Interlagos, onde o carro estava estacionado.

Veja:

A diretora do DHPP acredita que Adalberto foi colocado no buraco já morto ou desacordado, pois, segundo ela, não havia sinais de que o empresário tenha reagido ou tentado escalar o local. Ivalda ainda mencionou que a vítima estava a cerca de um metro de profundidade na terra, e que só não estava mais abaixo porque os braços impediram que o corpo descesse.

Como Adalberto foi encontrado

  • Adalberto Júnior foi encontrado no último de vários buracos de uma obra realizada na região do kartódromo.
  • Ele usava um capacete preto e estava com as mãos para cima. Uma delas tinha a aliança de casamento, o que ajudou na identificação do corpo.
  • A vítima não apresentava ferimentos, estava com o celular (sem bateria), carteira com dinheiro e alguns documentos no bolso.
  • O empresário usava apenas jaqueta e cueca. O restante das roupas não foi localizado.
  • A jaqueta tem valor aproximado de R$ 2.500 a R$ 3.000.
  • O capacete que ele usava não estava bem preso, apenas “colocado”, como explicou a diretora do DHPP, Ivalda Aleixo.
  • Um médico legista que acompanhou as equipes policiais contou que o empresário aparentava estar no buraco de 36 a 40 horas. No entanto, o tempo não condiz com o tempo do desaparecimento de Adalberto – desde a noite de 30 de maio.
  • De acordo o DHPP, o corpo apresentava pouco inchaço e, considerando que a vítima desapareceu em 30 de maio, deveria estar em um estágio de decomposição mais avançado do que o observado no momento da descoberta, em 3 de junho.

7 imagensFechar modal.1 de 7

A polícia achou corpo de Adalberto próximo ao posto 9 do Autódromo de Interlagos

TV Globo/Reprodução2 de 7

Os agentes localizaram o cadáver em um buraco de 2 metros de profundidade e 40 cm de diâmetro

TV Globo/Reprodução3 de 7

De acordo com a PM, a vítima estava de capacete, o que dificultou a confirmação da identidade do corpo

TV Globo/Reprodução4 de 7

Adalberto Junior estava desaparecido desde a última sexta-feira (30/5)

Rede social/Reprodução5 de 7

O empresário Adalberto Junior com a esposa, Fernanda

Rede social/Reprodução6 de 7

Ele era empresário

Rede social/Reprodução7 de 7

Adalberto era paulista

Rede social/Reprodução

O corpo foi encontrado por um dos funcionários da construção, na manhã do dia 3/6. Inicialmente, o trabalhador acreditou se tratar de um boneco, já que só conseguia ver o capacete de Adalberto, mas acionou as autoridades mesmo assim. Um inquérito foi instaurado no DHPP, que investiga o caso como homicídio.

 

Fonte: www.metropoles.com