O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), defendeu nesta terça-feira (22/7) que é “hora de deixar a política de lado” nas negociações para tentar reverter as taxas de 50% sobre produtos brasileiros anunciadas pelo presidente americano, Donald Trump. No entanto, Tarcísio afirma que as diferenças ideológicas entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são “sempre um entrave”.
“A questão política é sempre um entrave. Mas aí é hora de deixar a política de lado, ver o interesse nacional e entender a natureza do movimento geopolítico que está em curso para que a gente busque o interesse nacional, o interesse do país”, afirmou Tarcísio após a entrega de moradias do Programa Casa Paulista, em Rio Claro, no interior de São Paulo.
Tarcísio citou, ainda, exemplos de países que conseguiram mitigar o efeito do tarifaço de Trump. O governador de São Paulo citou o Canadá e México, que têm governos ideologicamente à esquerda de Trump, e disse que a redução da taxa “está acontecendo com os argentinos e pode acontecer com o Brasil também”. A Argentina é governada por Javier Milei, aliado de Trump.
No dia 9 de julho, o presidente americano Donald Trump anunciou que iria aplicar uma supertarifa sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. Na carta em que informou o governo brasileiro sobre a taxação, Trump mencionou o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) contra Jair Bolsonaro (PL) e disse que o ex-presidente é vítima de uma “caça às bruxas”.
O anúncio do tarifaço de Trump ocorreu três dias depois da reunião da cúpula dos Brics no Rio de Janeiro. A declaração lida por Lula citou o uso de moedas alternativas ao dólar em transações comerciais que não envolvam os Estados Unidos.
Na sexta-feira passada (18/7), o governo americano proibiu os ministros da Suprema Corte brasileira de viajarem para os Estados Unidos. Nesta semana, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, bloqueou as contas do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Bolsonaro que vive nos Estados Unidos, e disse que ele ajudou a articular a tarifa sobre o Brasil.
Tarcísio e o tarifaço
- Desde que Trump anunciou a taxação de 50% sobre produtos brasileiros, Tarcísio modulou o discurso e foi alvo de críticas.
- Em 9 de julho, dia em que a sanção econômica foi anunciada, o governador de São Paulo foi às redes sociais e disse: “Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado”.
- A mensagem foi mal vista por agentes do mercado e interpretada como politização sobre um assunto econômico delicado.
- No dia seguinte, Tarcísio concedeu uma entrevista coletiva em que acenou para a indústria de São Paulo e afirmou que o tarifaço era “deletério, principalmente para aqueles estados que têm produção industrial de maior valor agregado”.
- Depois, o governador embarcou para Brasília, onde se reuniu com Jair Bolsonaro e informou o ex-presidente que negociaria com o encarregado de negócios dos Estados Unidos. Ainda em Brasília, Tarcísio se reuniu com o representante da embaixada americana, Gabriel Escobar.
- Na terça-feira passada (15/7), foi a vez de Escobar vir a São Paulo para se encontrar com Tarcísio e empresários em uma reunião a portas fechadas, no Palácio dos Bandeirantes. Na conversa, de cerca de 1h30min, o encarregado de negócios sinalizou que os EUA podem negociar o tarifaço, que passa a valer em 1º de agosto.
- Tarcísio disse que deve entrar em contato com governadores de estados americanos para tentar reduzir a tarifa.
Tarifas em SP
Tarcísio anunciou duas medidas para mitigar a tarifa às empresas mais impactadas em São Paulo. Uma dela é liberar créditos de ICMS a exportadoras. Além disso, o governo deve lançar uma linha de crédito com juros subsidiados aos setores mais impactados pela tarifa.
“Tem duas providências que a gente vai fazer: aumentar o fundo garantidor para poder dar crédito para esses setores que são mais afetados e a gente ter uma linha de crédito mais vigorosa, com juros subsidiados”, disse Tarcísio nesta terça-feira.
“A gente vai fazer uma grande entrega de crédito de ICMS, uma grande devolução de crédito, para ver se a gente consegue abastecer essas empresas com recurso financeiro para que eles possam passar por esse período mais crítico”, acrescentou.
Fonte: www.metropoles.com