O Ministério Público de São Paulo (MPSP) afirmou nesse domingo (3/8) que apura possível fraude nos gastos corporativos do Corinthians durante as gestões presidenciais de Andrés Sanchez e Duílio Monteiro Alves. As investigações incluem gastos com empresas consideradas de fachada e até custos com babyliss.
Anteriormente, a promotoria havia instaurado um procedimento investigatório criminal para reunir indícios de possíveis crimes de apropriação indébita agravada pelo ofício, emprego ou profissão. Na última versão do documento, essa investigação foi estendida para apurar também os possíveis crimes de estelionato e/ou furto qualificado, falsidade ideológica e associação criminosa.
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Esses possíveis crimes foram adicionados na investigação após uma breve análise sobre os gastos corporativos do clube durante as gestões dos dois ex-dirigentes. Segundo o MPSP, os gastos não tem “qualquer pertinência com os interesses do Sport Club Corinthians Paulista”.
Segundo a promotoria, o primeiro ponto que levanta suspeitas é o fato de que as contas da gestão Duílio em 2023 foram aprovadas com “ressalvas”. “é deveras inusitado, porquanto pelo senso comum e ordinário podemos ‘aprovar’ ou ‘reprovar’ uma prestação de contas”.
Mercado fantasma
O Ministério Público aponta que entre os dias 18 e 31 de outubro, o Corinthians gastou R$ 32.580 na empresa “Oliveira Minimercado”. Os gastos foram feitos de forma pulverizada em dias seguidos, em um período de tempo curto.
Ao pesquisar o endereço da empresa no Google Maps, a promotoria não encontrou nenhum comércio ou resquício de comércio no local. Para confirmar o que foi percebido no GPS, a equipe da promotoria foi até o endereço e manteve a constatação: não havia comércio ali.
Ao consultar o CNPJ da empresa, as autoridades viram que a atividade econômica principal do mercado era relacionada a eventos e buffet.
“Considerando isoladamente essa circunstância, já bastaria para exsurgir Justa Causa para aditamento da presente portaria e consequente persecução investigatória, porque, em tese, há a possibilidade de relação “comercial” com empresa de fachada e consequentemente ‘furto/desvio’ de dinheiro do Sport Club Corinthians Paulista”, diz o documento.
Outros gastos suspeitos
- A promotoria questiona na investigação a relevância dos gastos do Corinthians com outras três empresas.
- Em uma dessas empresas, que tem como atividade econômica principal o comércio atacadista de aparelhos eletrônicos de uso pessoal e doméstico, Duílio Monteiro Alves teria gastado R$ 3 mil em babyliss, em outubro de 2023. O valor foi divido em um “babyliss boost” no valor de R$ 920 e em um kit babyliss Gold Collection, no valor de R$ 2080,00.
- Além disso, o cartão corporativo do clube também registra mais de R$ 9 mil gastos em manutenção veicular e quase R$ 5 mil em bebidas. Ambos os gastos em estabelecimentos diferentes.
- Ao todo foram feitas 176 compras que totalizam o valor de R$ 85.524,62. Alguns desses gastos teriam sido com cervejas e remédios, incluindo um medicamento para disfunção erétil, chamado tadalafila, conforme revelado pelo GE.
O Ministério Público também levanta suspeitas em cima de uma pagamento de R$ 2 mil feito pelo cartão corporativo do Corinthians a um homem chamado Sidney Balbino dos Santos, no dia 31 de outubro de 2023.
A promotoria quer entender as circunstâncias do pagamento para serviços temporários e esporádicos, “sem quaisquer especificações”, em prol do homem que foi assessor parlamentar de Andrés Sanchez, no período de 13 de abril de 2015 a 3 de julho de 2017.
O motorista de Duílio Monteiro Alves também consta como investigado, por ter assinado as movimentações financeiras.
Fonte: www.metropoles.com