O Olire, nova caneta injetável indicada para controle de peso, começou a ser vendida nas farmácias brasileiras nesta semana, dia 5 de agosto, e rapidamente chamou a atenção de milhares de pessoas com sobrepeso. Apelidado de “Ozempic brasileiro”, o remédio também trouxe à tona uma dúvida comum entre mulheres que usam anticoncepcionais: afinal, ele pode cortar o efeito da pílula?
De acordo com especialistas, essa preocupação tem fundamento. Isso porque medicamentos como o Olire, que têm como princípio ativo a liraglutida, pertencem à mesma classe dos análogos do GLP-1, como Ozempic e Mounjaro. “O Olire, assim como os demais medicamentos análogos do GLP-1, como Ozempic e Mounjaro, podem reduzir a eficácia dos medicamentos orais ao reduzir o esvaziamento gástrico e retardando a absorção. As bulas do Wegovy, Saxenda e Mounjaro afirmam que não há redução da eficácia dos contraceptivos orais, porém dizem que é possível haver redução na absorção de medicamentos orais pelo retardo do esvaziamento gástrico”, explicou Sabrina Guerreiro, nutróloga e coordenadora clínica do Hospital Badim, no Rio de Janeiro.


A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia orienta que, em casos de uso de semaglutida, o uso de anticoncepcionais orais pode ser mantido, desde que haja acompanhamento médico. “A federação não se referiu à liraglutida, por isso, é importante sempre avaliar caso a caso, com acompanhamento médico”, afirmou a especialista.
No caso específico do Mounjaro, cuja substância ativa é a tirzepatida, a recomendação da Frebasgo é usar um método de barreira em conjunto com o anticoncepcional oral nas primeiras quatro semanas do tratamento e após cada ajuste de dose. Outra opção sugerida é a troca por métodos não orais, como o DIU.
O alerta maior vai para mulheres que pretendem engravidar. “É importante alertar que o uso de contraceptivos é recomendado durante o tratamento com as canetas emagrecedoras, pois ainda não se conhece os riscos da medicação sobre o feto. O uso dos medicamentos análogos do GLP-1 também não são indicados para as mulheres que desejam engravidar, que possam já estar grávidas ou que estejam amamentando”, disse a médica.
Segundo a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino Unido, quem estiver em tratamento com medicamentos à base de semaglutida, como o Ozempic, deve interromper o uso dois meses antes de tentar engravidar. Para as canetas com tirzepatida, como o Mounjaro, o intervalo recomendado é de pelo menos um mês. No caso do Olire, que contém liraglutida, a recomendação é mais flexível. “A liraglutida tem efeito durante 13 horas”, completou a especialista, indicando que a interrupção pode ser feita pouco antes da tentativa de gravidez.
Entre os efeitos colaterais mais comuns do Olire estão náuseas, vômitos, diarreia e prisão de ventre. Por se tratar de um medicamento que age diretamente no metabolismo, seu uso deve sempre ser feito sob orientação médica.
Além disso, a compra só é permitida mediante apresentação de receita, reforçando a importância do acompanhamento profissional para garantir a segurança no tratamento e evitar complicações, especialmente para mulheres que fazem uso de métodos contraceptivos ou desejam engravidar.
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