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Entenda por que a Bolsa da Argentina subiu — e as de outros países, como o Brasil, desabaram

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Entenda por que a Bolsa da Argentina subiu — e as de outros países, como o Brasil, desabaram

A Argentina e o Paquistão têm se destacado como alguns dos melhores mercados de ações do mundo em 2024. Investidores apostam que as reformas econômicas ajudarão esses países a superar seu histórico de crise, segundo reportagem do jornal Financial Times.

O índice Merval da Argentina, por exemplo, liderou as bolsas na América Latina: subiu 53% em valor de dólar, enquanto o índice de ações do Paquistão registrou um dos melhores desempenhos na Ásia, superando seu passado problemático.

Esses chamados “mercados de fronteira” atraem investidores por suas avaliações baratas. Em contraste, índices de mercados mais estabelecidos, como México e Brasil, caíram em valor de dólar. Seu capital foi desviado para ações de inteligência artificial, em alta nos Estados Unidos.

Desempenho dos índices de ações

“Você tem uma grande atração dos EUA, chamada Nvidia, que desviou dinheiro de mercados emergentes maiores”, afirmou James Johnstone, codiretor da equipe de mercados emergentes e de fronteira da Redwheel, ao Financial Times. “Mas o que está indo bem são mercados que passaram por crises quase existenciais e realizaram as reformas necessárias.”

Outros mercados em desenvolvimento, como Sri Lanka e Turquia, recuperam-se de períodos difíceis, controlando dívidas em moeda estrangeira e taxas de inflação de dois dígitos.

A recuperação da Argentina

O presidente da Argentina, Javier Milei, transformou rapidamente medidas econômicas em lei, superando tentativas anteriores de reforma que foram paralisadas pela oposição política. É o que disse Dominic Bokor-Ingram, gestor de portfólio sênior na Fiera Capital. “A diferença entre desta vez e todas as anteriores é a rapidez com a qual Milei fez isso”, observou.

No Paquistão, o índice de ações de Karachi subiu 30% desde o início de 2024, mais que as bolsas de Taiwan e Índia. Quase duplicou, em termos de dólar, desde junho do ano passado. À época, o país garantiu um empréstimo de US$ 3 bilhões do FMI.

Confiança dos investidores no Paquistão

“A recente alta se deve à confiança dos investidores de que o Paquistão conseguirá um acordo de longo prazo com o FMI depois de a conclusão bem-sucedida do acordo do ano passado,” disse Mohammed Sohail, presidente-executivo da Topline Securities, ao Financial Times.

Mesmo depois da alta recente, ações paquistanesas ainda são negociadas cerca de 3,7 vezes seus lucros, aproximadamente metade da média histórica (sete). O setor bancário foi a maior contribuição para a alta, com lucros robustos, à medida que o banco central elevou a taxa de juros acima de 20% para controlar a inflação.

Desafios e recuperação econômica

Mesmo assim, os fluxos estrangeiros para as ações do Paquistão permanecem mínimos. Essa retomada é uma reação à queda na inflação de alimentos e combustíveis, depois da invasão da Ucrânia pela Rússia. “Não vemos isso como uma história de reforma, mas sim como um retorno de níveis muito baixos”, afirmou Bokor-Ingram.

Alguns mercados de ações continuam em dificuldades, em virtude das desvalorizações cambiais. O mercado de ações do Egito caiu 27% neste ano, impactado pela desvalorização da libra egípcia em março.

Outros mercados emergentes

Mesmo entre países com variações nos mercados de ações, as condições econômicas continuam difíceis para a população. A inflação permanece alta, em comparação com outros emergentes, apesar dos fortes aumentos nas taxas de juros.

Na Turquia, a inflação desacelerou pela primeira vez em oito meses em junho, mas ainda está em 71,6%. Vários governos enfrentam resistência aos planos de aumentar impostos para pagar suas dívidas.

A Bolsa de Nairóbi subiu 44%, em termos de dólar, em 2024. Já o Quênia evitou um calote nos pagamentos iminentes de títulos e o xelim se valorizou mais de 20%, em relação ao dólar.

Paquistão quer aumentar receitas

O Ministério das Finanças do Paquistão revelou um orçamento pesado em impostos no mês passado, com o objetivo de aumentar receitas e acalmar preocupações do FMI, à medida que a frágil coalizão governante busca um caminho para sair do crescimento anêmico, inflação de dois dígitos e dívidas públicas crescentes.

Os mercados de fronteira e os maiores mais idiossincráticos, como a Argentina, também entraram no radar dos investidores, enquanto tentam controlar a exposição a grandes mercados emergentes, como a China.

Fonte: Oficial