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“Bom dia, Pedro”: USP e Unicamp têm grupos de WhatsApp só para xarás

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Logo dos Pedros da Unicamp

São Paulo — Duas das principais faculdades de São Paulo possuem algo em comum para além dos bons resultados acadêmicos. A Universidade de Campinas (Unicamp) e a Universidade de São Paulo (USP) têm grupos que reúnem centenas de Pedros.

O primeiro a se formar foi o “Pedros da Unicamp”. O grupo, que reúne 221 participantes, foi formado em julho de 2019 após alguns Pedros verem um meme da Universidade Federal Fluminense, que tinha criado um grupo reunindo o xarás da faculdade. Os amigos então decidiram criar o mesmo em Campinas.

Pedro Café, de 25 anos, conta que foi um dos primeiros a entrar no grupo e ajudou na propagação do coletivo. Ele mencionou que o recrutamento aconteceu de maneira bem natural e espontânea e que, de vez em quando, se via conversando com alguém aleatório em uma festa e descobria que se tratava de um xará:

“A gente tira uma foto, manda no grupo e diz… ‘achei um Pedro’”. E assim o grupo ganhava mais um integrante.

O ex-estudante de educação física revela que, na época, grupos de nomes viraram uma febre na faculdade com o surgimento de vários outros coletivos de xarás. Entre eles estava o grupo de Thiagos, que protagonizou um episódio marcante para os Pedros.

Com a ascensão dos grupos, começaram o conflitos. Pedro Café conta um episódio em que um dos Pedros mudou seu nome no WhatsApp e invadiu o grupo de Thiagos. O infiltrado ganhou a confiança do administrador do grupo rival e também ganhou o poder de adicionar integrantes. Foi assim que um deles colocou seus semelhantes em território inimigo e excluiu o grupo.

A ação culminou na fundação da ONU (Organização dos Nomes da Unicamp), instituição que continha cerca de três integrantes de cada grupo, e determinava as “regras de guerra”.

“Os ataques só podem ser feitos por meio de figurinhas e spam”, ficou determinado.

Ações temáticas

Sobre as figurinhas, Pedro Henrique, de 22 anos, revela que é a sua parte favorita no grupo. O estudante de Engenharia de Controle e Automação conheceu o coletivo após a pandemia, em uma conversa despretensiosa com um amigo com mesmo nome.

Para ele, o grupo é caracterizado por sempre se engajar em ações temáticas: “A gente pensa tem um tempo em conseguir as batas (uma peça de roupa usada em festa universitária) e agora temos os bottons dos Pedros”. A questão das batas é quase um tópico sensível visto que é um plano antigo do coletivo.

O grupo é mais do viés de brincadeira, com conversas descontraídas mas também falam sério quando, por exemplo, um dos Pedros pede ajuda na faculdade. Os participantes também compartilham grandes conquistas como quando um dos membros se tornou pai, ou grandes tristezas como quando um deles foi traído e chegou no grupo para desabafar.

Apesar das grandes experiências vividas e compartilhadas, o grupo nunca marcou um evento para reunir os membros, embora sempre encontrem parte dos xarás em festas.

Dia de São Pedro

Algo que os membros do “USPedros”, grupo de Pedros da Universidade de São Paulo (USP) já fez duas vezes. O idealizador do encontro Pedro Fagundes, de 22 anos, diz que teve a ideia do encontro enquanto escrevia uma reportagem do mesmo assunto para o jornal da faculdade. O estudante de jornalismo ainda revelou que o encontro não é feito em um dia aleatório:

“Dia 29 de junho é dia São Pedro, padroeiro do grupo, e aí em 2023 eu organizei o ‘Bar do Pedros’”, revela. Apesar do encontro abranger 10% dos mais de 500 integrantes do grupo, Pedro Fagundes afirmou que foi um evento bem “canônico”.

O grupo de Pedros da USP foi fundado em maio de 2022 e conta com 552 participantes. Pedro Cunha, de 22 anos, participou da criação do coletivo.

Ele, junto com um amigo de mesmo nome e outros dois xarás que tinha em mente, criou o grupo e começou a espalhar folhetos pelo campus.

O estudante de astronomia diz que o grupo já foi mais ativo, tanto que no ano passado o volume diário de mensagens ultrapassava os 200 por dia: “Era pessoal mandando figurinha, ‘bom dia, Pedro’, quando tem aniversário de alguém, a gente tem uma tabela, mandamos ‘feliz aniversário, Pedro’”.

Cunha ainda diz que existe uma disputa envolvendo números de integrantes com o grupo, rival, de Anas.

Só Pedro?

O número de integrantes costuma ser um dado importante na hora de confrontar com grupos rivais. Visando isso, O USPedro aceita que entrem no grupo pessoas com segundo nome Pedro como João Pedro, por exemplo.

Um dos fundadores explica que, apesar de aceitar novos integrantes, algumas regras são impostas, sendo elas: a pessoa se identificar como Pedro e usar a futura camiseta do grupo com o nome Pedro. A nova medida foi decidida em grupo com uma votação popular que contou com mais de 100 votos, segundo Pedro Cunha.

Ele contou que uma menina, de segundo nome Pedro, pediu para fazer parte do grupo e, apesar de ser aceita pela regra de segundo nome, não entrou no coletivo por não se identificar como os xarás.

Já os “Pedros da Unicamp” só aceitam xarás. O grupo aceita pessoas com nome composto desde que o primeiro nome seja semelhante aos dos outros membros.

Fonte: Oficial