São Paulo — Escritor, teólogo e conferencista, Daniel Mastral nasceu em março de 1967. Batizado com o nome Marcelo Agostinho Ferreira, o autor afirmou que o nome Daniel Mastral foi dado por Deus e que preferia ser chamado dessa maneira.
Ele foi encontrado morto em Barueri, na região metropolitana de São Paulo, na noite desse domingo (4/8). O corpo estava caído, com ferimento na cabeça, ao lado do carro, um Tiggo modelo 2020, numa região conhecida como Aldeia da Serra, onde há residências de alto padrão.
Segundo a Polícia Civil, moradores da região ouviram um “estampido”. O local foi preservado pela Guarda Municipal de Barueri e o caso foi registrado como suicídio. Foram recolhidos pela polícia um revólver Taurus calibre 357, um celular, uma pochete que estava dentro do carro e dez projéteis, sendo um já deflagrado e os outros nove intactos.
Mestre em kung-fu, Mastral dizia que entrou numa seita satanista aos 17 anos. Permaneceu por cerca de nove anos e abandonou o satanismo porque o instruíram a fazer um sacrifício humano que ele não foi capaz. Após uma experiência sobrenatural, teve o contexto de sua vida mudado e tornou-se evangélico.
Presença constante em podcasts, o teólogo se denominava como um ex-satanista. Depois disso, passou a usar suas redes sociais como “um alerta sobre o que está por vir, baseado no que viu e aprendeu”.
O escritor publicou mais de 30 livros, muitos deles em parceria com sua mulher, a médica Isabela Mastral. Um deles, em 2016, sobre “como conhecer bases bíblicas sólidas para desenvolver estratégias eficazes e duradouras de evangelismo para nações”.
Ela morreu em 2021, aos 52 anos, após sofrer uma parada cardíaca causada por um infarto agudo do miocárdio. Em 2018, Daniel perdeu um filho de 15 anos, que sofria de depressão e tirou a própria vida.
Na época, eles se pronunciaram publicamente. “A ordem natural da vida se alterou! Nenhum pai ou mãe gostaria de passar por isso, nunca! Não há palavras para mensurar a dor de todos neste momento. Fizemos tudo que podíamos. Mas, nosso Mikhael foi morar na Jerusalém Celestial, na Morada Eterna, onde não há mais dor e nem sofrimentos. E um dia estaremos juntos! Te amaremos para sempre”.
A série “Filhos do Fogo”, que reúne três volumes, é seu trabalho mais conhecido e aborda uma batalha espiritual travada por dois personagens. “Das artimanhas do Ocultismo à salvação por meio do Reino da Luz”, diz a sinopse.
Seu canal no YouTube, criado em 2012, tem quase 800 mil inscritos e abordava conhecimento “científico, histórico, geopolítico e espiritual”. O último vídeo foi publicado há oito dias. Intitulado “Não olhe pra cima”, fala com voz pausada que “a Ordem não tem interesse que você olhe pra cima” e recomenda olhar pra cima. “La está nossa redenção”.
“É claro que sou humano, passo por momentos de abatimento, mas é importante a gente procurar sempre estar alinhado com alguns valores”, diz Mastral em um trecho.
O corpo do escritor foi enterrado no fim da tarde dessa segunda-feira (5/8). “Meu irmão, meu amigo. Você vai fazer muita falta. Saiba que amo muito você”, lamentou seu irmão, Laercio Coutinho, sob lágrimas. Mastral deixa uma mulher e um bebê.
O que dizem amigos e seguidores
“Independente do que vierem a falar, das teorias da conspiração que o povo gosta de fazer, é tudo muito mais simples. Vamos simplesmente orar e pedir a Deus pela família que ficou para que tenha força e resistência neste momento. E ele está com o Pai, é o que importa”, declarou o escritor Felipe Heiderich, um amigo próximo.
O irmão do escritor usou o Instagram para confirmar a morte do ex-satanista. “É com muita tristeza que venho a informar que meu irmão Daniel Mastral veio a óbito nesta data por ter se suicidado. Estamos super abalados com essa noticia”, escreveu.
Nas redes sociais, fãs do escritor questionam a causa da sua morte e levantam teorias vinculadas a supostos rituais satânicos.
Busque ajuda
O Metrópoles tem a política de publicar informações sobre casos ou tentativas de suicídio que ocorrem em locais públicos ou causam mobilização social, porque esse é um tema debatido com muito cuidado pelas pessoas em geral. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o assunto não venha a público com frequência, para o ato não ser estimulado.
O silêncio, porém, camufla outro problema: a falta de conhecimento sobre o que, de fato, leva essas pessoas a se matarem. Depressão, esquizofrenia e uso de drogas ilícitas são os principais males identificados pelos médicos em um potencial suicida – problemas que poderiam ser tratados e evitados em 90% dos casos, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria.
Está passando por um período difícil? O Centro de Valorização da Vida (CVV) pode ajudar você. A organização atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e Skype, 24 horas, todos os dias.
Fonte: Oficial