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PM grava oferta de R$ 200 mil e ajuda a prender assaltantes de banco

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Reprodução colorida de imagem de monitoramento com homem usando maçarico em cofre, no escuro, destacando faíscas resultantes do atrito com metal - Metrópoles

São Paulo — Uma quadrilha especializada em roubar bancos ofereceu R$ 200 mil a um policial militar (PM) para que ele e seu parceiro de patrulha ajudassem o bando a monitorar a troca de mensagens da corporação por meio de radiofrequência durante um assalto a uma agência bancária na zona leste da capital paulista, que seria executado pelos criminosos em março deste ano.

O PM aliciado pela quadrilha procurou a Corregedoria da corporação para denunciar a oferta de corrupção e ajudou a frustrar o plano e a prender os assaltantes. Cinco suspeitos foram presos temporariamente, no fim do mês passado, por decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).

Sob orientação da PM e com autorização judicial, o policial negociou com a quadrilha, simulando interesse na oferta de dinheiro para ajudar no roubo a banco. Toda a negociação foi captada por uma escuta, de acordo com investigação da Polícia Civil, e usada como prova para obter a prisão do bando.

Como mostrado pelo Metrópoles, a quadrilha estaria envolvida no roubo de quase R$ 900 mil de uma agência do Bradesco em Suzano, na Grande São Paulo, em novembro do ano passado. Na ocasião, além de “contratar” PMs, por R$ 20 mil, de acordo com investigações policiais, um membro se disfarçou de mendigo para monitorar a movimentação em frente à instituição financeira.

“Radinho”

Relatório da Corregedoria da Polícia Militar, obtido pela reportagem, afirma que “os criminosos buscavam policiais militares para escutar a frequência da PM”. Os PMs corruptos realizam um serviço chamado de “radinho” pelos criminosos, que consiste em abastecer o bando sobre os deslocamentos de policiais pela região.

O recurso é usado para a quadrilha “antever” a eventual chegada de viaturas durante um roubo ou furto.

O vigilante que foi mantido como refém durante o assalto em Suzano afirmou, em depoimento à Polícia Civil, que o bando escutava a frequência da PM durante o assalto, “fato semelhante ao buscado pelos criminosos, ao cooptarem policiais” para o roubo previsto para março deste ano.

Ainda em novembro do ano passado, em São José do Rio Preto, interior paulista, parte do bando teria participado de um furto, no qual foi levado o equivalente e R$ 1,2 milhão de ouro, em uma fábrica de joias. A Polícia Civil investiga a eventual ação da quadrilha em outros roubos e furtos de instituições bancárias e empresas que lidam com cargas preciosas.

Núcleos criminosos

A investigação policial afirma que a quadrilha é chefiada por Alexandre de Oliveira Morais, o Careca. Ele é apontado como responsável pela estrutura e controle das ações do bando.

Abaixo dele estaria Alan Santos Justino, acusado de cuidar da execução dos planos de roubos e furtos, além de escalar participantes para as empreitadas criminosas.

O cabo da PM Izaias de Souza seria responsável pela cooptação de policiais militares para exercer a função de escuta da frequência da corporação, para alimentar a quadrilha de informações durante os assaltos.

Na parte logística dos crimes, feita por Davi Ferreira Targico, estaria a locação de veículos. Ele também serviria como olheiro , além de estudar possíveis alvos para outros assaltos.

Vídeo: criminosos deixam rastro de explosivos após roubo a banco em SP

O irmão dele, Denilson Ferreira Targico, compõe o núcleo operacional do bando, ainda segundo a polícia, efetuando cortes de energia e auxiliando no ingresso do quadrilha nos locais.

Em nota, o advogado João Victor Maciel Gonçalves, que defende o cabo Izaias, afirma já ter apresentado “provas concretas”, com base em testemunhos e registros, de que seu cliente participava de um concurso público na ocasião, “comprovando a inocência” dele. As defesas dos outros suspeitos não foram localizadas. O espaço segue aberto para manifestações.

Fonte: Oficial