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Reuniões sobre escola cívico-militar têm briga de pais e BO na polícia

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São Paulo – A discussão sobre a possível adesão de algumas escolas ao modelo cívico-militar em São Paulo tem sido criticada por pais de estudantes, que afirmam que o processo não tem tido a divulgação necessária para a comunidade escolar e tem aberto pouco espaço para a opinião de quem é contrário ao modelo.

Na Escola Estadual Professor Américo de Moura, uma reunião marcada para debater o formato no dia 1º de agosto foi interrompida logo no início, após a diretora da unidade afirmar que não aceitaria a presença dos três membros do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp) que estavam no evento.

Pai de uma aluna da escola, Jasiel Silva discordou da atitude. “Eu acho que se é um assunto de extrema relevância para a sociedade é justo que as entidades de classe façam parte da discussão”, afirma.

A diretora teria, então, discutido com os membros da entidade – uma advogada e dois professores – e orientou os pais presentes a saírem do auditório. O bate-boca entre a responsável pela escola e os sindicalistas virou caso de Polícia: uma das professoras registrou boletim de ocorrência contra a diretora alegando “difamação”. A entidade também entrou com uma reclamação na Diretoria de Ensino por causa do episódio.

Em meio ao embate, Jasiel e outros pais entenderam que a reunião tinha sido cancelada e foram para casa. Depois, ele descobriu por meio da filha que a escola deu continuidade à reunião com parte dos responsáveis em uma sala separada, para evitar a presença dos professores do sindicato.

Nesta quarta-feira (7/8), Jasiel procurou a Diretoria de Ensino da região para pedir uma nova reunião, com ampla divulgação entre a comunidade escolar. O representante comercial diz que a escola tem falhado nos informes sobre o assunto e que só chegou ao primeiro evento por causa de um aviso da própria filha. “Eu não recebi nenhuma convocação formal”, reclama ele.

Mãe de uma estudante da E.E. Prof. Manuel Ciridião Buarque, Fabiana Silva também foi pega de surpresa quando a filha comentou que haveria uma reunião online para falar sobre a possível adesão da escola ao modelo cívico-militar. Aliás, até a própria inclusão da escola na lista do governo foi um susto: “eu soube pela imprensa, por uma matéria do Metrópoles”.

A empresária se preocupa com as falhas na comunicação sobre o tema. “Tem muito pai que nem tá sabendo ainda”, diz ela, que é contrária ao projeto.

Depois da reunião online, um encontro presencial foi marcado para tirar dúvidas da comunidade sobre o tema. No dia do evento, os pais de dois estudantes entraram em discussão quando a filha de um deles disse ser contra a mudança e foi criticada por um militar pai de outra aluna.

Segundo Fabiana, os dois responsáveis levantaram a voz e precisaram ser contidos por outros presentes. “Um colocou o dedo na cara do outro”, conta ela. A empresária relata que membros da Apeoesp e da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES) também têm sido impedidos de participar das discussões na escola.

Em nota, a Secretaria da Educação afirma que está aberta ao diálogo e apoia a livre manifestação de todas as partes envolvidas no processo democrático de consulta pública, “como mostram imagens feitas em várias escolas da rede”.

“Na Escola Estadual Prof. Manuel Ciridião Buarque, a equipe gestora convocou a comunidade escolar via grupos de mensagem com pais e responsáveis, por meio do edital de convocação afixado no mural da escola e no comunicado direcionado aos professores. Com relação à Escola Estadual Professor Américo de Moura, a reunião foi realocada em um ambiente apenas com os representantes da comunidade escolar, dentro dos critérios estabelecidos para a consulta”, diz a nota.

A consulta pública sobre a adesão das unidades ao modelo cívico-militar foi interrompida pela secretaria nessa quinta-feira (8/8) por causa da liminar da Justiça que suspendeu o programa. Com isso, todos os eventos marcados nas escolas para explicar o projeto foram cancelados.

Fonte: Oficial