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Manual de avião que caiu em Vinhedo alerta para risco de “gelo severo”

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Avião passaredo ATR

São Paulo — O manual de operação do ATR-72, avião que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, matando 62 pessoas, aponta para o risco de perda de velocidade com o acúmulo de gelo na superfície das asas da aeronave. Segundo o texto, se nada for feito para retomar a velocidade ideal, isso pode levar à perda de sustentação, ou “estolar”, no jargão da aeronáutica.

Pilotos que sobrevoaram Vinhedo no dia do acidente relataram que as condições climáticas estavam propícias para a formação de gelo. O avião da VoePass sobrevoava a cidade a uma altitude de 5.100 metros.

O manual afirma que, “em caso de encontros inesperados com as condições de gelo severo”, a tripulação deve procurar “sair dessas condições imediatamente”. O fabricante recomenda que o piloto acione os motores em potência máxima, segure o manche com firmeza para evitar trepidações e abaixe o “nariz” do avião, tentando evitar que ele entre em movimento de “estol”.

O documento lista uma série de indicativos aos quais o piloto deve se atentar para saber em que momento a situação se torna emergencial. Entre eles, o gelo cobrindo parte das janelas frontais e laterais da cabine, eventualmente com água espirrando no para-brisa. Segundo o manual, se o sinal for observado por um curto período de tempo, cerca de 30 segundos, é um indicativo de problemas.

Ainda não se sabe o que provocou o acidente nessa sexta-feira (9/8). A principal hipótese é que tenha havido uma falha no sistema anticongelamento. Nos próximos 30 dias, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) trabalhará para emissão de um relatório preliminar sobre o que teria provocado a queda do avião.

O chefe do Cenipa, brigadeiro Marcelo Moreno, disse, em entrevista coletiva realizada nesse sábado (10/8), que o piloto não fez comunicação com a torre de controle sobre a suposta situação de emergência.

ATR-72-500

O ART-72-500 é um avião de porte médio de turboélice bimotor que voa a cerca de 500 km/h em velocidade de cruzeiro.

A aeronave foi fabricada em 2010 pela empresa ATR, localizada na França, e tinha 72 assentos.

Os modelos de avião turboélice são considerados confiáveis e têm a capacidade de produzir muita tração.

Ele consegue decolar e pousar em pistas menores e pode voar em altitude mais baixa — a altitude máxima é de 10 mil pés, o que é equivalente a cerca 3 mil metros. Isso faz com que, dependendo das condições geográficas, ele possa balançar mais.

“Supersseguro”

Em voo realizado na manhã seguinte ao acidente, um piloto da companhia aérea VoePass usou o sistema de alto-falante da aeronave para pedir aos passageiros que tenham respeito à empresa e para dizer que o avião em que eles estavam, de modelo igual ao do acidente, é “ultrasseguro”.

“Toda vez que vocês ouvirem alguma coisa sobre o ATR, informem que é um avião ultrasseguro. Existem mais de 2 mil unidades voando no mundo. É um avião que voa na Europa, nos Estados Unidos, na neve, então ele não tem problemas para operar em condições de gelo”, disse ele.

Fonte: Oficial