São Paulo — Três suspeitos de integrar uma quadrilha especializada no “golpe do amor” foram presos em flagrante pela Divisão de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil, no Jardim Fernandes, na zona leste de São Paulo, na última segunda-feira (26/8). A equipe localizou um cativeiro e resgatou uma vítima que estava em poder do grupo.
A investigação iniciou após o setor de inteligência receber informações sobre o sequestro de um homem, que teria sido levado para um barraco na comunidade Vila Elaine. Durante as buscas, policiais suspeitaram de uma casa com o portão aberto. A equipe flagrou três suspeitos fugindo pela janela para o telhado da casa vizinha. Eles foram detidos momentos depois e encaminhados à delegacia.
Dentro da casa, os agentes encontraram e resgataram a vítima. O caso foi registrado como sequestro e associação criminosa na 3ª DCCiber.
Em entrevista ao Metrópoles, o delegado Fábio Nelson, chefe da Divisão Antissequestros (DAS), disse que, a partir da sinergia de órgãos, a DAS conseguiu atacar a estrutura criminosa por trás desses golpes e, consequentemente, prender a liderança de quadrilhas envolvidas. Na sequência, os “ponteiros” e os “laranjas” — pessoas que recebiam o valor extorquido da vítima — foram os alvos, desarticulando toda cadeia criminosa.
Perfil dos criminosos
Homens de 25 a 30 anos, já com ficha criminal são os principais acusados de praticar esse tipo de crime. Geralmente, os casos acontecem na zona norte, em Brasilândia, Pirituba, Jaraguá e, ainda, na Grande São Paulo – em Osasco e na região Itaquacetuba -, segundo o delegado.
A polícia já prendeu 25 mulheres envolvidas com os crimes.
Em todo o ano passado, houve 49 casos do “golpe do amor” na divisão de sequestro. “Houve uma queda nos casos desse tipo golpe neste ano”, diz Nelson. Segundo ele, foram registrados na DAS dois crimes no primeiro semestre. No mesmo período do ano passado, houve 25 ocorrências. Já em 2022, de janeiro a junho, o total de ocorrências chegou a 58.
Nelson atribui a redução a um investimento maior na investigação tecnológica, foco nos articuladores do crime, uma parceria com o Ministério Público para que os sites atendessem às autoridades e agências bancárias, e condenações mais duras.
Homens são principais vítimas
O “golpe do amor”, como ficou conhecido, funciona por meio de sociais e aplicativos de mensagens, onde são marcados encontros supostamente amorosos. Depois, as vítimas são sequestradas e extorquidas.
O golpe do amor é um sequestro que dura de dois a três dias. Segundo o delegado que conversou com o Metrópoles, homens são as principais vítimas, nenhum caso de mulheres foi registrado.
A vítima observa um perfil atraente, inicia uma conversa, vai para o WhatsApp, pensa que vai se encontrar com mulheres, pontualmente com homens. É quando acontece o sequestro. A vítima é conduzida ao cativeiro, onde fazem movimentação financeira no celular. Eventualmente, os sequestradores ligam para a família, que aciona a polícia.
“É preciso se cercar de cuidados. Fazer uma videochamada. Encontrar em locais públicos”, recomenda o delegado.
Relembre outros casos
Em maio, uma quadrilha especializada em aplicar o “golpe do amor”, que fez mais de 400 vítimas espalhadas pelo Brasil, conseguiu roubar ao menos R$ 17 milhões, conforme mostra sentença do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
Em junho deste ano, três homens, de 20, 26, e 51 anos, foram presos em flagrante no Jaraguá, na zona norte de São Paulo, acusados de aplicar o “golpe do amor”. Os suspeitos criavam perfis falsos em aplicativos de relacionamento e marcavam encontros para depois realizar o sequestro da vítima no local onde haviam combinado se conhecer.
Fonte: Oficial