São Paulo — Com o crescimento do influenciador Pablo Marçal (PRTB) nas pesquisas à Prefeitura da capital paulista, a aposta do deputado federal Guilherme Boulos (PSol) na polarização como um trunfo no segundo turno repete uma tática adotada por Fernando Haddad (PT), hoje ministro da Fazenda, na campanha ao governo paulista em 2022.
Boulos já declarou assistir “de camarote” a disputa pelo eleitorado bolsonarista travada entre Marçal e o prefeito Ricardo Nunes (MDB), nome oficialmente apoiado por Jair Bolsonaro (PL). Embora tenha mantido os ataques a Nunes – colocando o prefeito e Marçal como “duas faces do bolsonarismo” – a campanha de Boulos vislumbra melhores chances de vitória se enfrentar o influenciador, e não o prefeito, num eventual segundo turno.
Para aliados do psolista, a postura caótica de Marçal pode afastar eleitores de centro e de perfis mais moderados. Além disso, Boulos temia um embate direto com Nunes pelo fato de o prefeito contar com a máquina pública à disposição. Por isso, mesmo com ataques ao emedebista, a maior artilharia será gasta com o influenciador.
Boulos repete Haddad
Aliado de Boulos nesta disputa, Haddad adotou estratégia semelhante em 2022. Assim como o psolista tem feito, o ex-prefeito investiu na nacionalização da disputa e buscou a polarização com Tarcísio de Freitas (Republicanos), afilhado político de Bolsonaro. Haddad acabou derrotado e Tarcísio, eleito governador.
Na época, o cálculo feito pela campanha de Haddad foi o de escantear o então governador Rodrigo Garcia (então no PSDB), que além de estar à frente da máquina estadual, construiu uma coligação de nove partidos e detinha o maior tempo de TV, com quase o dobro do tempo de seus adversários.
Para o entorno do petista, as chances de vitória no estado seriam maiores se Haddad enfrentasse um candidato do bolsonarismo, o que poderia afastar eleitores moderados. Na ocasião, o petista liderava as pesquisas de intenção de votos.
No entanto, a votação no primeiro turno pegou a campanha de surpresa: Tarcísio avançou ao segundo turno sete pontos à frente de Haddad, uma diferença que não havia sido captada pela maioria das pesquisas eleitorais e com a qual a equipe petista não trabalhava.
Até o momento, os institutos tradicionais não apresentaram cenários de segundo turno entre Marçal e Boulos. Internamente, as duas campanhas já têm comparado a situação de Nunes, que desidratou nos levantamentos, com a do próprio Garcia – ironicamente, coordenador de seu plano de governo.
Fonte: Oficial