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Banco suspeito de lavagem teve licença do BC meses antes de ação da PF

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Imagem aérea do Banco Central BC em Brasília Lula concurso focus - Metrópoles

São Paulo — Na última quarta-feira (28/8), a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Concierge, para cumprir mandados de prisão contra 14 envolvidos com falsos bancos digitais que movimentaram R$ 7,5 bilhões e são suspeitos de lavarem dinheiro para o crime organizado. Um desses bancos, o Brasil Cash, conseguiu autorização do Banco Central (BC) em meio à investigação para operar como “instituição de pagamento”.

Detalhes da Operação Concierge foram antecipados pelo Estadão e confirmados pelo Metrópoles.

Concedida em março ao Brasil Cash, a licença do Banco Central permitiu que a fintech se tornasse, por exemplo, emissora de cartões vale-refeição e cartões pré-pagos. Trata-se de modalidade em que a empresa passa a ser permitida pelo sistema financeiro nacional a gerenciar contas de pagamento pré-pagas, nas quais os recursos devem ser depositados previamente.

Ao pedir buscas e apreensões e bloqueio de contas bancárias, a PF também incluiu a Brasil Cash em uma lista de empresas contra as quais pediu a “suspensão da atividade econômica”, com ofícios à Junta Comercial e à Receita Federal. Segundo a PF, a medida foi requerida porque “restou demonstrada a utilização das referidas Pessoas Jurídicas para o cometimento de ilícitos”.

Àquela altura, a empresa e seu dono, Maurício Caviglio, já eram investigados por movimentações milionárias suspeitas em benefício de investigados ao T10 Bank, um falso banco que, segundo a Polícia Federal, abrigava valores de empresa de ônibus suspeita de ser controlada pelo PCC. Funcionando por fora do sistema bancário, o T10 serviria para que a empresa driblasse bloqueios em débitos tributários milionários.

A PF afirma que a Brasil Cash também tem como contador Aedi Cordeiro dos Santos, apontado como um dos líderes do esquema de lavagem de dinheiro bilionário. Entre as movimentações suspeitas da Brasil Cash, estão valores de outros investigados por fraude tributária e R$ 2 milhões de empresas suspeitas de serem testas de ferro do T10 Bank.

Dono do Brasil Cash, Mauricio Cavilho já foi envolvido em outras denúncias de lavagem de dinheiro. Ele foi acusado no passado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) de lavagem de dinheiro para uma empresa que mantinha contratos com a Junta Comercial de São Paulo. Foi absolvido pela Justiça.

Na Operação Concierge, a Polícia Federal não pediu a prisão de Caviglia. Ele foi alvo de buscas e apreensões em seu apartamento próximo da Avenida Paulista. Suas empresas também foram objeto de ordem de bloqueio bancário. As investigações já ocorriam desde 2023, e antes de o Banco Central dar autorização para o Brasil Cash.

Quando obteve a autorização do BC, Caviglia afirmou à imprensa que profissionais como “personal trainer” ou até uma vendedora de joias e semijoias teriam maior facilidade para se dedicarem à “gestão financeira” de suas empresas. “Eles baixam o app Brasil Cash, e podem oferecer aos clientes a opção do pagamento em até 21 vezes no cartão e receber o dinheiro na hora em suas contas, sem desembolsar taxa alguma”, disse. 

Fundada em 2018, a Brasil Cash afirma ter “atuação absolutamente regular e regulamentada pelo Banco Central do Brasil” e que “sempre pautou suas atividades pela mais absoluta ética e comprometimento com a lisura de sua atuação”.

“Cabe esclarecer que a empresa não é investigada na referida operação e está colaborando para a elucidação dos fatos. Ademais, as acusações infundadas feitas ao seu diretor Mauricio Caviglia carecem de conexão com a realidade, o que restará comprovado na ação”, diz.

Questionado sobre a autorização ao Brasil Cash, o Banco Central afirmou que “não comenta casos específicos”.

Fonte: Oficial