São Paulo – O pastor que utilizava igrejas evangélicas para lavar dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC) foi condenado a mais de 84 anos de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Geraldo dos Santos Filho, conhecido por pastor Júnior, é uma das sete pessoas condenadas pela Operação Plata, deflagrada em fevereiro de 2023 pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN).
No grupo também está Valdeci Alves dos Santos, irmão de Geraldo, conhecido como Colorido. Ele era considerado um importante líder da facção criminosa nas ruas até ser detido em uma blitz da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no sertão pernambucano, em abril de 2022.
Para o MPRN, Geraldo era “o principal intermediário de comunicação entre Valdeci e os demais acusados, no que diz respeito à movimentação dos montantes ilegais”.
A operação do MPRN foi deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) com o apoio da Polícia Militar do RN e dos Ministérios Públicos de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Bahia, Ceará e Paraíba e, ainda, do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
Esquema milionário
De acordo com a denúncia do MPRN que resultou nas condenações, Geraldo ergueu um patrimônio avaliado em pelo menos R$ 6 milhões com o esquema de lavagem de dinheiro para o PCC.
O criminoso adquiriu, segundo levantamento do MPRN, cinco igrejas no Rio Grande do Norte e duas em São Paulo, por meio das quais lavou dinheiro do PCC oriundo do tráfico de drogas.
O pastor foi preso pela primeira vez em fevereiro de 2002, quando foi flagrado com 12 quilos de cocaína dentro do carro que dirigia na Rodovia Castelo Branco, na região de Barueri, na Grande São Paulo. No entanto, ele fugiu em 2003, tendo sido capturado somente em fevereiro de 2019.
Durante os quase 16 anos que ficou foragido, Geraldo usou documentos falsos para fundar a Assembleia de Deus Para as Nações, onde era conhecido como pastor Júnior. Segundo o MPRN, ele dividia o altar da igreja com sua companheira e cúmplice, Thaís Cristina de Araújo Soares, a pastora Thaís – também condenada na Operação Plata.
Mais de 180 anos de prisão
As investigações começaram em 2019, com o objetivo de apurar o tráfico de drogas e associação para o tráfico de drogas, além do crime de lavagem de dinheiro.
Geraldo, a esposa dele, Valdeci e outros dois irmãos dele foram denunciados por associação criminosa, associação ao tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, entre 2008 e 2023, com atuação no Rio Grande do Norte, Ceará, São Paulo e no Distrito Federal.
A pena de Geraldo é a maior do grupo — são 181 anos de reclusão. Veja a condenação de cada um:
- Gilvan Juvenal da Silva recebeu a pena de 23 anos e oito meses de reclusão e 87 dias-multa;
- Valdeci Alves dos Santos, 17 anos, três meses e 20 dias de reclusão e 64 dias-multa;
- Thais Cristina de Araújo Soares, 19 anos de reclusão e 70 dias-multa;
- Lucenildo Santos De Araújo, 13 anos e seis meses de reclusão e 52 dias-multa;
- Joaquim Neto dos Santos, 12 anos e oito meses de reclusão e 50 dias-multa;
- Roberto dos Santos, 13 anos de reclusão e 50 dias-multa;
- Geraldo dos Santos Filho, a 84 anos, 11 meses e 20 dias de reclusão e 299 dias-multa.
O Metrópoles contatou a defesa dos réus, mas não teve resposta até a publicação desta reportagem.
Fonte: Oficial