São Paulo – Aliados do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que tenta a reeleição, avaliam que sua participação na manifestação bolsonarista ocorrida nesse sábado (7/9), na Avenida Paulista, foi um “zero a zero” com eleitor de direita, mas que o resultado, dado o contexto eleitoral do momento, pode ser encarado como vitória.
Nunes teve uma passagem apagada no carro de som ocupado por Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados. O prefeito não foi apresentado ao público na sua chegada – com o ex-presidente e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) – não se dirigiu à plateia e sequer foi até as pontas do carro para que fosse visto com destaque.
Por outro lado, Nunes não recebeu nenhuma hostilidade do público e, no carro de som, recebeu cumprimentos calorosos dos filhos do ex-presidente e de outros aliados de Bolsonaro presentes na manifestação.
Além disso, o entorno de Nunes ficou aliviado com a forma como o adversário Pablo Marçal (PRTB) interagiu com o ato.
Nunes abaixou a cabeça e obedeceu a todas as exigências feitas por Bolsonaro. Estava de verde e amarelo, sem nenhuma menção à sua eleição e sem sua vasta equipe de cabos eleitorais com bandeiras de sua campanha na avenida. Apenas engrossou a fileira de aliados no carro de som, enquanto o ex-presidente, Tarcísio, e outros aliados, como o pastor Silas Malafaia, que organizou o ato, faziam críticas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Já Marçal só chegou na Paulista após a última fala da manifestação, quando políticos e público se preparavam para sair, e fez o que um aliado do prefeito definiu como “corrida espalhafatosa” ao redor do carro de som, o que desagradou Malafaia e outros organizadores.
No alto do carro de som
Além de Nunes, outros candidatos a prefeituras também estavam no alto do carro de som, produzindo conteúdo para suas redes sociais, em busca do eleitor bolsonarista, como Rosana Valle, do PL de Santos, Alexandre Ramagem, que disputa a prefeitura do Rio de Janeiro pelo mesmo partido, e até Marina Helena (Novo), adversária de Nunes que, na última pesquisa Datafolha, obteve 3% das intenções de voto.
Marçal, naquele momento, usava suas redes sociais para anunciar sua chegada à manifestação, o que trouxe burburinho no carro de som, instalado na esquina da Paulista com a Rua Peixoto Gomide.
Não se sabia como o influenciador chegaria ao evento e, na hora do discurso de Bolsonaro, mesmo com as potentes caixas de som do trio elétrico funcionando, foi possível ouvir o barulho que vinha de outro carro de som, estacionado na esquina com a Alameda Ministro Rocha Azevedo, a cerca de 150 metros de distância.
Para complementar, havia um boné azul gigante naquela altura da avenida – tratava-se de uma campanha publicitária sem nenhuma relação com o chapéu que o influenciador usa desde o primeiro debate eleitoral, com um “M” na parte frontal.
A forma como Bolsonaro lidou com o barulho que o atrapalhava também agradou aliados do prefeito. Bolsonaro chamou de “vagabundo” quem operava o carro. “Quer fazer política, que faça em outro lugar”, disse. Ao Metrópoles, um dos integrantes da campanha de Nunes avaliou que a fala mostrou que o ex-presidente estava predisposto para ir ao embate com o ex-coach.
Bolsonaro estava gripado no evento. Antes de subir no trio elétrico, ele havia estado no Hospital Israelita Albert Einstein para uma consulta. Alguns de seus aliados o descreveram como “impaciente” na ocasião. Nunes não conversou com ele durante o dia todo.
Para o entorno do prefeito, Nunes passou pela Avenida Paulista sem arranhões em sua campanha. Sua equipe já dá como garantido o sucesso de Marçal na estratégia de dividir com o prefeito o voto bolsonarista mais radical, porém o prefeito tem outro cabo eleitoral de peso, Tarcísio, que lhe ajudará a manter outra parte desse eleitorado e ainda o ajudará a garantir o voto da direita não bolsonarista e dos eleitores de centro.
Além de acompanhar diariamente as pesquisas internas da campanha, Tarcísio vem emprestando todo seu capital político ao prefeito, participando de sua campanha na TV e em agendas diárias.
Fonte: Oficial