São Paulo — A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) isolou imigrantes retidos na área restrita do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na Grande São Paulo, por suspeita de estarem contaminados com mpox. Pelo menos 10 estrangeiros estariam com sintomas — quatro deles já foram encaminhados a unidades de saúde, segundo apurou o Metrópoles.
O possível surto da doença, anteriormente conhecida como varíola dos macados, foi identificado nesse fim de semana (24 e 25/8). Após vistoria da Anvisa, o órgão emitiu um alerta e pediu à administração do aeroporto que instalasse “biombos” separando o grupo supostamente contaminado dos demais imigrantes.
O Metrópoles apurou, ainda, que a Anvisa orientou que os imigrantes doentes, além de separados, deveriam ser mantidos nas proximidades do embarque remoto, perto do portão 317.
Casos confirmados da doença devem ser encaminhados a hospitais de Guarulhos — até agora, quatro pessoas deixaram o aeroporto para receber atendimento médico.
Os imigrantes instalados na área restrita estão na condição de “inadmissíveis”, pelo fato de não terem documentação e nem visto para entrar ou sair do Brasil.
O Metrópoles procurou a Anvisa, o Ministério da Saúde e a GRU Airport, concessionária do aeroporto, para obter mais detalhes sobre a situação dos imigrantes doentes, mas não recebeu respostas. O espaço está aberto para manifestação.
Reunião convocada pelo MPF
Na semana passada, uma reunião convocada pelo Ministério Público Federal (MPF) já discutia a situação dos quase 500 imigrantes retidos na área restrita. Na ocasião, a Defensoria Pública da União (DPU) pediu a criação de uma sala de situação “para que se acompanhe o fluxo de entradas e saídas em tempo real”.
No encontro, o Ministério da Justiça e Segurança Pública se comprometeu a encaminhar reforço de servidores para atendimento emergencial, tanto nos trabalhos de processamento dos protocolos de refúgio quanto para a segurança no local.
Já a GRU Airport se responsabilizou a buscar modos para assegurar condições, junto às companhias aéreas, de se garantir acesso à higiene básica e alimentação de todos os migrantes retidos, em medidas que serão acompanhadas pela DPU e pelo MPF.
Participaram ainda da reunião representantes da Polícia Federal (PF), Prefeitura de Guarulhos, governo do estado de São Paulo, senadora Mara Gabrilli (PSD) e gabinete do deputado federal Túlio Gadelha (Rede).
Fome, frio e gripe
Em 15 de agosto, a DPU esteve presente na área restrita do terminal 3 do aeroporto, para “diagnóstico da situação e avaliação de medidas cabíveis”. De acordo com o relatório, “há reiteradas situações de violação de direitos humanos” na retenção dos imigrantes em uma área restrita do aeroporto.
A área restrita é uma região do terminal onde ficam os imigrantes ainda não admitidos, ou seja, que ainda não ingressaram no país oficialmente por estarem sem visto ou documentos.
“Foram encontradas crianças, adolescentes, pessoas dormindo no chão e uma crescente demanda por atendimento de saúde, com muitas pessoas apresentando sintomas gripais”, diz o documento.
A PF contabiliza 466 imigrantes nessa situação, enquanto a DPU indica cerca de 550 pessoas. Um deles, nacional de Gana, morreu em decorrência de um infarto na última terça-feira (13/8). O imigrante foi levado ao Hospital Geral de Guarulhos para receber tratamento médico em 11 de agosto após se sentir mal na área restrita, mas não resistiu.
Fonte: Oficial