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Após freada de Marçal, Nunes e Bolsonaro estreitam laços na reta final

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Imagem colorida mostra Ricardo Nunes, homem branco, de cabelo e barba tingidos de preto, em imagem do peito para cima, batendo palmas. ele veste jaqueta cinza e camisa azul clara. Está cercado de apoiadores políticos e bandeiras de campanha - Metrópoles

São Paulo — O prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição na capital, e seu aliado Jair Bolsonaro (PL) deram passos para estreitar a relação entre ambos nas eleições, nesta semana, após a avaliação de que o crescimento do adversário Pablo Marçal (PRTB) foi freado pela repercussão da agressão sofrida pelo ex-coach no último domingo (15/9).

Nunes, que já havia comparecido, sem discursar, à manifestação convocada por Bolsonaro em 7 de setembro, na Avenida Paulista (e ido embora antes do discurso do ex-presidente), fez uma defesa enfática da anistia aos presos de 8 de janeiro de 2023, uma bandeira bolsonarista. Ao participar de uma sabatina do Metrópoles, ele afirmou que as pessoas presas não participaram de uma tentativa de golpe de Estado e deveriam responder apenas por vandalismo.

Ainda ao Metrópoles, o prefeito disse que a soltura de usuários de maconha detidos por posse de drogas antes da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) iria “fortalecer os traficantes” e criticou a medida.

Nunes disse ainda, em três oportunidades, nesta semana, que “errou” ao exigir o passaporte da vacina durante a Covid-19 — o documento atestava que o portador havia se vacinado e sua apresentação era obrigatória em lugares públicos. O documento era visto por bolsonaristas como uma “obrigação” para que a população se vacinasse.

O prefeito ainda reforçou, durante uma entrevista a um podcast conservador apresentado por Paulo Figueredo, neto de João Figueredo, um dos presidentes da ditadura, sua posição contrária ao aborto. A gestão Nunes vem sendo alvo de uma série de críticas por dificultar o acesso ao aborto previsto em lei, como para vítimas de estupro, após a 22ª semana.

Bolsonaro, por sua vez, além de participar de uma nova chamada pública de vídeo com Nunes — realizada durante uma caminhada do prefeito, ao lado de Tarcísio de Freitas (Republicanos), no Mercado Municipal de Pinheiros, na zona oeste —, gravou um novo vídeo de apoio ao prefeito.

Na mensagem, compartilhada em grupos de WhatsApp pelo pastor Silas Malafaia, Bolsonaro disse estar “chocado” com a comparação que Marçal fez entre sua agressão — uma cadeirada que levou do apresentador José Luiz Datena (PSDB) no debate da TV Cultura de domingo — e a facada que ele próprio levou de Adélio Bispo, um portador de doença psiquiátrica que atentou contra o ex-presidente em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 2018.

“Usar um episódio dessa cadeirada, que ele provocou, para buscar se comparar comigo, com o Trump, para conseguir o poder, é lamentável”, disse Bolsonaro na mensagem. O ex-presidente acrescentou que é possível uma pessoa votar errado, “agora, quando você já vota sabendo que vai errar, há uma diferença muito grande”.

Bolsonaro termina a mensagem fazendo um apelo para que seus eleitores votem em Nunes. “Se eu fosse eleitor de São Paulo, votaria na reeleição do Ricardo Nunes”.

Frenagem eleitoral

Marçal vinha subindo nas pesquisas de intenção de voto semana após semana desde o início do período eleitoral. Os levantamentos apontavam que esse crescimento ocorria, sobretudo, entre eleitores de Bolsonaro.

Bolsonaro havia dado sinais de simpatia a Marçal enquanto a tendência de subida se mantinha. Em uma entrevista a uma rádio do Rio Grande do Norte, em 15 de agosto, disse que Marçal era inteligente e que Nunes não era seu “candidato dos sonhos”, sem romper com o prefeito.

Porém, ainda insatisfeito com o prefeito, no começo do mês, o ex-presidente abriu espaço para o ex-coach na manifestação de 7 de setembro na Paulista. Foi esse evento que marcou o rompimento entre ambos, pela constatação, por parte de Bolsonaro, de que Marçal tentou buscar um protagonismo maior do que o do ex-presidente entre seu público.

O rompimento ocorreu às vésperas do início da propaganda eleitoral gratuita. Com 12 partidos coligados, Nunes tem 66% do tempo de TV e conseguiu não só estancar a subida de Marçal, como também angariar mais pontos para si. Desde então, o ex-coach ficou estagnado na terceira colocação.

Cadeirada

A partir de análises das redes sociais e de pesquisas qualitativas, o entendimento da campanha de Nunes foi que o eleitor avaliou que Marçal “provocou” a cadeirada que levou de José Luiz Datena no debate do último domingo.

Para piorar, a reação do ex-coach ao ato — com o que foi entendido como uma tentativa de simular um ferimento maior do que o real, com um vídeo de Marçal precisando de cuidados urgentes em uma ambulância — foi vista como um erro do adversário, que provocaria uma tendência de queda nas pesquisas.

O enfraquecimento de Marçal foi interpretado como uma oportunidade para Nunes e Bolsonaro recuperarem o eleitor bolsonarista que vinha se empolgando com a candidatura do ex-coach, e ambos caminharam um ao encontro do outro.

Entre aliados bolsonaristas de Nunes, a análise foi que houve ainda um erro estratégico. Um dos aliados do prefeito disse que Marçal havia obtido pontos ao entrar na campanha fazendo estardalhaço e também acertado, do ponto de vista estratégico, ao atacar ferozmente os adversários. Contudo, seu terceiro movimento deveria ter sido o de apresentação de propostas que seduzissem o eleitorado — o que ainda não ocorreu.

Marçal, no debate do SBT ocorrido nesta sexta-feira (20/9), deu sinais de que ele mesmo acusou o golpe sofrido nas redes após sua reação à cadeirada e promoveu uma correção de rota. Pediu perdão aos eleitores por sua postura anterior e disse que se comportaria como um estadista.

No dia anterior, ele havia tornado público o convite ao economista Marcos Cintra para ocupar a Secretaria da Fazenda em seu governo.

Fonte: Oficial