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Até a COP 30, Brasil promete plano para financiar ações climáticas com US$ 1,3 trilhão anuais

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Até a COP 30, Brasil promete plano para financiar ações climáticas com US$ 1,3 trilhão anuais

Brasília (DF) – O presidente da COP 30, André Corrêa do Lago, disse hoje que um roteiro para mobilizar US$ 1,3 trilhão anuais para financiar ações climáticas nos países em desenvolvimento, até 2035, será apresentado “poucos dias” antes da conferência, marcada para novembro, em Belém (PA).

“Esse será um debate muito importante, porque esse valor veio de estudos aprofundados de economistas de renome. Já temos um objetivo financeiro realista”, afirmou o embaixador brasileiro. Os recursos equivalem hoje a quase R$ 6,8 trilhões ao ano.

No evento amazônico, haverá muito debate e pressões sobre pontos como “quem paga o quê”. Mas, se o dinheiro realmente fluir, derrubará uma das principais barreiras contra a crise climática, a falta de dinheiro. A importância desse novo roteiro cresce frente às frustrações com metas anteriores.

Promessas não cumpridas total ou parcialmente incluem a de US$ 100 bilhões anuais até 2020, feita em 2009 na COP 15, na Dinamarca. Além disso, até a COP 28, nos Emirados Árabes, um fundo para perdas e danos arrecadou menos de US$ 800 milhões, mas eram esperados dezenas de bilhões.

Apesar disso, Corrêa do Lago ressaltou que a COP 30 deve mostrar que “já dá para agir” com as tecnologias disponíveis para combater a crise climática, muitas delas mais baratas porque foram viabilizadas em países do sul global.

“Queremos que a COP 30 seja lembrada como a COP das soluções. Há tecnologia e há recursos, mas precisamos de muito mais financiamento para escalar essas soluções”, ressaltou.

A expectativa do embaixador é de que a COP 30 estimule novos compromissos privados e públicos e consolide globalmente um “modelo econômico de baixo carbono”, articulando governos, empresas, academia e sociedade civil.

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O presidente da COP 30, André Corrêa do Lago, espera maior financiamento para a transição energética em países em desenvolvimento. Foto: Rafa Neddermeyer / Agência Brasil

Novo balanço energético

O esperado megafinanciamento climático pode derrubar igualmente a barreira do financiamento desigual da transição energética, hoje privilegiando países desenvolvidos. 

“Enquanto Brasil, China e Índia conseguiram atrair investimentos em [energias] renováveis, pouquíssimo sobrou para o resto do mundo”, avaliou Corrêa do Lago, em coletiva online à imprensa internacional.

Nessa transição, petróleo, carvão e outras fontes fósseis devem ser trocadas por energias renováveis e menos sujas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e combater as mudanças climáticas.

Contudo, o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Roberto Ardenghy, lembra que esse processo não pode ser desigual. “Não podemos permitir que a transição energética crie mais ‘pobreza energética’. É preciso evitar um novo fator de desequilíbrio global”, ressaltou Ardenghy.

Ou seja, se os países ricos fizerem uma transição energética mais rápida, as demais nações podem seguir emitindo gases de efeito estufa e sofrendo por mais tempo com impactos socioambientais da poluição causada por fontes não sustentáveis.

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Presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), Roberto Ardenghy alertou que a transição energética não pode aprofundar desigualdades entre os países mundiais. Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil

Fósseis no olho do furacão

Tais desafios sociais e econômicos estarão no centro das discussões formais da COP 30, onde já estão projetados cerca de 400 debates na Zona Azul da convenção – o espaço controlado pelas Nações Unidas – sobre temas prioritários como infraestrutura verde, descarbonização econômica e financiamento.

Uma das presenças mais polêmicas será a de grandes empresas de combustíveis fósseis, incluindo a OGCI, sigla em Inglês da Iniciativa Climática de Petróleo e Gás. Listadas por ambientalistas como vilãs da crise climática, essas companhias levantam preocupações quanto à sua influência nas negociações e decisões da conferência.

Ao mesmo tempo, Roberto Ardenghy (IBP) reconheceu que o setor é peça-chave no financiamento da transição energética e no desenvolvimento de tecnologias estratégicas, como para capturar carbono e de novos usos industriais de gás natural.

“Não basta ficar em objetivos programáticos. Países em desenvolvimento precisam de recursos concretos para implantar a transição energética”, defendeu Ardenghy.

Entre polêmicas e grandes expectativas, a COP 30 será mais um teste decisivo para saber se o mundo está mesmo disposto a transformar promessas em ações climáticas concretas e céleres, para o bem de todos.