Quanto maior a quilometragem do carro elétrico, menor é a curva da perda de eficiência das baterias. É o que mostra um novo estudo da P3, consultoria em gestão, especializada em mobilidade elétrica, realizada com 7 mil veículos elétricos.
O objetivo do estudo é acabar com os mitos e mentiras relacionados às baterias de veículos elétricos, e mostrar a real durabilidade que uma bateria pode ter.
De acordo com os resultados da pesquisa, os primeiros 30 mil km de um veículo registram uma queda natural da taxa de eficiência do conjunto elétrico, passando de 100% para 95% de eficiência. Porém, os níveis de eficiência se mantêm próximos desse patamar por mais tempo, mesmo com o avanço da quilometragem — e o envelhecimento da bateria —, para 100 mil, 200 mil ou até 300 mil km, à medida que os motoristas se adaptam ao melhor estilo de condução do veículo, comprovando a confiabilidade da tecnologia.
Como foi o estudo?
A P3 adotou duas estratégias para coletar dados relevantes sobre os veículos. Inicialmente, examinou 50 veículos de sua frota, avaliando o envelhecimento das baterias e correlacionando o estado de saúde (SoH) com os padrões de uso e carregamento. “Selecionamos os veículos de forma estratégica para capturar uma ampla diversidade de perfis de condução e recarga, além de identificar diferenças entre fabricantes”, afirmou a P3.
Os dados de veículos elétricos adicionam fatores externos, como condições climáticas, hábitos de condução e padrões de recarga, além de aspectos internos, como a programação do sistema de gerenciamento de bateria. Também refletem as estratégias adotadas pelos fabricantes para controlar o envelhecimento das baterias, equilibrando os níveis de estresse e proteção ao longo do uso.
Para complementar as análises qualitativas com dados quantitativos, a segunda etapa contou com a startup austríaca Aviloo, especialista em diagnósticos de baterias, com mais de 60.000 testes realizados.
A Aviloo oferece dois métodos: o “Flash Test” e o “Premium Test”. Ambos utilizam a Aviloo Box, conectada à porta OBD do veículo. No “Premium Test”, a bateria é carregada a 100% e descarregada a 10%, gerando dados detalhados analisados nos servidores da empresa. Já o “Flash Test” é realizado com o veículo parado, comparando os dados disponíveis a um banco configurado com base no “Premium Test”.
A P3 baseou sua análise em dados de mais de 7 mil veículos, todos avaliados por meio do “Teste Premium”, um procedimento mais complexo, porém mais preciso. O conjunto incluía veículos com mais de 300.000 quilômetros rodados.
Resultados dos testes
A avaliação realizada apontou a um resultado evidente: nos primeiros 30 mil km, a curva da perda de capacidade ocorre de forma acelerada, com o estado de saúde (SoH) caindo rapidamente de 100% para cerca de 95%. Porém, a o gráfico de degradação é desacelerado consideravelmente com o aumento da quilometragem.
Os dados da Aviloo, analisando 7 mil veículos, indicam um SoH médio de cerca de 90% aos 100 mil km. Após essa marca, a queda torna-se mínima, com a curva de tendência quase plana entre 200 mil km e 300 mil km, mantendo-se consistentemente em cerca de 87% de saúde. Acima, portanto, da faixa de 70% a 80% prevista pelas garantias de baterias.
Outra importante descoberta feita nos mais de 7 mil conjuntos de dados, foi que a capacidade real das baterias é preservada por mais tempo do que o previsto em condições do mundo real, especialmente em veículos com alta quilometragem, como os que ultrapassam 200 mil km.
Até cerca de 50 mil km, os dados de campo e os testes de laboratório são bastante consistentes. No entanto, após 100 mil km, as tendências divergem significativamente. A P3 conclui que os perfis reais de condução e a forma como o sistema de gerenciamento de bateria controla as células no uso diário ajudam a desacelerar, significativamente, o envelhecimento das baterias.
Graduando em Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Possui experiência em rádio, televisão, criação de conteúdos para site, e social media. Acompanha o mercado de veículos elétricos para o Canal VE.
Fonte: Oficial