Home Noticias Boulos promete tirar do papel programa contra fila na saúde no 1º...

Boulos promete tirar do papel programa contra fila na saúde no 1º ano

0
0

São Paulo – Uma das principais propostas da campanha de Guilherme Boulos (PSol) à Prefeitura de São Paulo tem focado na redução da fila de exames por meio da criação de “Poupatempos da Saúde”, espaços de atendimento distribuídos pela cidade, e na contratação de novos médicos.

Durante a sabatina promovida pelo Metrópoles, Boulos detalhou que a entrega de 16 “Poupatempos da Saúde” em áreas descentralizadas, com equipamentos que funcionarão como policlínicas para exames e consultas, entregues e em funcionamento já em 2025.

“Onde for possível, para ter uma implantação mais rápida, a perspectiva será de locação de imóveis existentes ou adaptação de imóveis existentes, porque até você construir um hospital, licitar a obra, o projeto executivo e começar a fazer, demora muito para entregar. A gente quer botar em prática os primeiros Poupatempos da Saúde já no ano que vem, funcionando no ano que vem”, afirma.

Boulos antecipou alguns dos bairros que devem receber os Poupatempos da Saúde, onde, segundo ele, a campanha identificou que há um “gargalo” no atendimento médico: Parelheiros, Grajaú, Capão Redondo, Cidade Ademar, São Mateus, Cidade Tiradentes, Guaianazes, Itaim Paulista, Perus e Jaraguá.

Para suprir a demanda por especialistas de forma rápida, Boulos também disse que planeja utilizar editais de credenciamento, inspirados no programa Mais Médicos. Mesmo crítico às irregularidades apontadas nos contratos com as Organizações Sociais de Saúde (OSS), ele admite que não é possível romper com elas, pois a cidade iria “travar”, mas defende que a fiscalização sobre a atuação das OSS seja mais rígida.

Custo de R$ 4,4 bi

Para colocar tanto o “Poupatempo da Saúde” como as novas contratações em prática, Boulos estima um custo de R$ 4,4 bilhões, entre custeio, investimentos e contratações, divididos nos quatro anos de gestão. Ele também afirma discutir com o governo Lula a possibilidade de uma parceria com o governo federal para financiar o projeto.

“Da mesma forma que o Mais Médicos permitiu um recurso federal no custeio de médicos de saúde da família, de clínicos gerais, o Mais Médicos Especialistas pode permitir que a gente tenha recurso do Ministério da Saúde para poder fazer o governo um contrato para a contratação de especialistas”, diz.

A campanha de Boulos já havia pesquisado que a saúde seria um dos temas mais caros destas eleições e tem feito diversos ataques à gestão Ricardo Nunes (MDB) pelas filas, dedicando tempo de TV a expor dramas de famílias que perderam entes queridos pela demora nos atendimentos.

Apesar do nome “Poupatempo da Saúde”, Boulos nega que a escolha tenha ocorrido como uma forma de se beneficiar de uma marca das gestões tucanas no governo paulista.

Segundo ele, um dos idealizadores do Poupatempo, Daniel Annenberg, integra o seu plano de governo e sugeriu o uso do nome como uma forma de fazer com que a população entenda melhor o conceito por trás da proposta, utilizando uma alusão ao já consagrado modelo de atendimento rápido usado nos Poupatempos pelo estado.

“Poupatempo não é propriedade de um partido, não é propriedade de um governo. Poupatempo é um programa do povo de São Paulo, então você utilizar um padrão que deu certo no Poupatempo de gestão, do ponto de vista de eficiência, de atendimento na hora certa, para a área da saúde, isso devia ser comemorado”, diz.

Boulos foi o quarto a participar da série de sabatinas do Metrópoles com os cinco candidatos à Prefeitura de São Paulo mais bem colocados nas pesquisas eleitorais. Além de Boulos, Ricardo Nunes (MDB), José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB) já participaram. A entrevista com Pablo Marçal (PRTB) está marcada para a próxima semana. As sabatinas vão ao ar entre os dias 10 e 25 deste mês. O primeiro turno ocorre no dia 6 de outubro.

Confira abaixo os principais assuntos da sabatina e a íntegra da entrevista no canal do Metrópoles no YouTube:

Rejeição e crescimento na periferia

Apesar de contar com 38% de rejeição no último Datafolha, sendo o segundo candidato mais rejeitado pelos eleitores paulistanos, atrás apenas de Pablo Marçal (PRTB), Boulos minimiza os dados e afirma que eleições polarizadas são, naturalmente, “eleições de rejeições altas”.

Além disso, o psolista acrescenta que ainda deve crescer entre o eleitorado da periferia, no qual o prefeito Ricardo Nunes (MDB) tem liderado em intenções de votos, por entender que “parte da população começou a pensar em tomar a sua decisão agora” e que e o contato direto com a militância, e não apenas a exposição na mídia, deve alterar o cenário até o dia da votação.

“Se você for ver, as candidaturas de esquerda, do campo progressista, historicamente, têm um crescimento em reta final. São candidaturas de chegada”, afirma.

MTST e a alcunha de radical

Boulos declara ter “orgulho” de sua trajetória no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), do qual foi líder até entrar na política, e admite que, quando se trata de “representar a voz de pessoas que nunca foram ouvidas” é possível que as situações “saiam do controle”.

A frase foi dita para justificar ações do MTST que resultaram em depredação ao prédio da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), na Avenida Paulista, em 2016, e na invasão a prédios do Ministério da Fazenda, em 2015, em protesto contra cortes nos recursos destinados a programas sociais.

Boulos também afirma que, durante o tempo em que esteve à frente do MTST, o movimento entregou mais de 15 mil moradias sem a “caneta na mão” e nega que, mesmo com a entidade sendo a mais contemplada com verbas do governo federal para ações de moradia popular, isso possa ser considerado uso da máquina pública.

“São coisas totalmente diferentes você ter recurso público de moradia para construir moradia e você usar a máquina pública para fazer política eleitoral”, afirma.

Linguagem neutra

Após a polêmica de ter um trecho do Hino Nacional adaptado para a linguagem neutra em um de seus eventos de campanha, Boulos diz respeitar quem faz uso da linguagem neutra, mas reitera que ele próprio não a utiliza. Ele também declarou que a criminalização do uso do gênero neutro é “chicana da extrema direita”.

Aliado investigado por suposto elo com o PCC

Questionado sobre não mencionar a Transunião, empresa ligada ao vereador do PT Senival Moura, seu aliado, quando promove ataques à gestão Ricardo Nunes (MDB) pela infiltração do PCC nos contratos com empresas de ônibus, Boulos declara que o petista não foi indiciado, mas que punirá irregularidades caso sejam comprovadas.

“No caso da empresa que tem essa ligação com o Senival, não houve indiciamento, não houve operação do Gaeco, não houve operação da Polícia Civil. No caso da UpBus e da Transwolff, os donos foram presos com armamento pesado encontrado, com ligação com o crime organizado comprovado”, afirma.

Boulos também nega que uma visita feita nesta semana à produtora Lovefunk, investigada por supostamente lavar dinheiro para o PCC, seja comparável a situações como a de seu adversário Pablo Marçal (PRTB), cujo presidente do partido, Leonardo Avalanche, teve áudios revelados dizendo manter vínculos com integrantes do PCC.

Transporte público

Uma das promessas de campanha de Boulos é a de tornar 50% da frota de ônibus da cidade elétrica ou híbrida. O modelo híbrido é o mais defendido pelo candidato por combinar baterias elétricas ao motor a etanol, permitindo a auto recarga e reduzindo a dependência de estações de recarga, que necessitam da construção de estruturas especiais.

Para viabilizar a eletrificação da frota, que atualmente tem cerca de 13 mil ônibus em circulação, Boulos diz já ter conversas para buscar financiamento junto ao BNDES e ao Banco do Brasil. O psolista alega que, apesar do alto custo inicial para adquirir os veículos, a longo prazo a manutenção se mostrará mais barata e permitirá, inclusive, a manutenção da tarifa congelada e a ampliação, de forma gradativa, das passagens gratuitas.

Boulos também declara que, se eleito, vai “passar um pente fino” nos contratos de ônibus e alterar os contratos que preveem a remuneração das empresas por passageiros transportados, e não por viagens realizadas, o que, segundo ele, incentiva a superlotação dos coletivos.

Cracolândia

Para enfrentar a Cracolândia, na região central da cidade, o psolista defende a criação de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) móveis, que levem o tratamento aos dependentes químicos combinando o tratamento da saúde mental com a intervenção social: “O dependente químico de crack não vai até o CAPS marcar uma consulta, marcar um horário, pegar uma senha. Isso não existe. Você tem que ir até ele”, diz.

Boulos defende que o tratamento seja feito caso a caso, e não “no atacado”, e diz querer encontrar soluções de moradia e emprego para os dependentes em tratamento, citando, como exemplo, o programa “Braços Abertos”, feito na gestão Fernando Haddad (2013-2016). Sua diferença seria a de colocar os dependentes vivendo em locações mais distantes das cenas de uso, para evitar a reincidência.

O candidato do PSol afirma que, caso seja eleito, criará um gabinete integrado para lidar com a Cracolândia, envolvendo diversas secretarias municipais, e que todas responderão diretamente a ele.

Segurança Pública

Boulos declara que o governo estadual precisa “fazer a lição de casa” em relação ao crime organizado, colocando a Polícia Civil “para investigar o crime organizado para valer” e defende mais parcerias com o governo federal para investigar o tráfico na Cracolândia.

Além disso, ele se compromete a fortalecer a Guarda Civil Metropolitana (GCM), dobrando o seu efetivo, e disse que a manterá armada. “A GCM em São Paulo é armada, isso não é de hoje, e seguirá armada no meu governo”, diz.

Infraestrutura

O psolista propõe a redução de distâncias em São Paulo a partir de um conceito conhecido como “Cidades de 15 minutos”, no qual se defende que a população possa acessar, a pé ou de bicicleta, qualquer equipamento público de uma cidade em até 15 minutos, e que é adotado em cidades como Paris e Xangai.

Boulos afirma que isso não necessariamente significa que o deslocamento para qualquer equipamento público terá uma duração literal de 15 minutos. A lógica por trás do conceito, e que o candidato pretende implantar na capital, é incentivar geração de empregos nas regiões mais periféricas, criação de parques, centros de cultura e equipamentos de saúde, reduzindo o tempo de deslocamento da população.

Fonte: Oficial