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Cenipa vai à França investigar sistema de degelo de avião da Voepass

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Investigadores do Cenipa e autoridades do BEA e TSB no local da queda de avião, em Vinhedo (SP) - Metrópoles

São Paulo – Investigadores do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB), foram à França para recuperar dados que possam explicar o que ocorreu com o avião da Voepass que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, e matou 62 pessoas.

O Cenipa precisou enviar representantes à França porque somente os laboratórios da fabricante da aeronave têm capacidade de extrair os dados.

De acordo com informações do jornal Folha de S.Paulo, havia sete computadores dentro da aeronave responsáveis por armazenar dados sobre o voo – e são esses equipamentos que estão sob análise do Cenipa. 

Mesmo que esses computadores não sejam resistentes a impactos, como a queda da aeronave, os investigadores conseguiram recuperar os equipamentos retorcidos e retirar os chips.

O que o Cenipa espera encontrar

Os computadores armazenam dados e enviam parte deles à caixa-preta. No entanto, eles também possuem informações adicionais que podem auxiliar a investigação. A caixa-preta não é capaz de confirmar, por exemplo, se o sistema de degelo da aeronave funcionava ou não.

Como mostrou o relatório preliminar da investigação, o piloto Danilo Santos Romano disse no início do voo que o mecanismo de quebra de gelo não operava da forma correta. O Cenipa ainda não conseguiu confirmar a suspeita.

“O que temos hoje no backup protegido, que é o gravador da caixa-preta de voz, é somente a informação de que aquele botão de liga e desliga foi ligado, on ou off. Hoje, não conseguimos dizer se foi o próprio piloto que ligou e desligou ou se foi um problema mecânico”, disse o brigadeiro em audiência da Câmara.

“Se o sistema pneumático funcionou e qual foi a pressão: essas informações não estão gravadas dentro do FDR [caixa-preta]. Estamos ainda buscando informações desses computadores que não são projetados para resistir ao impacto. Conseguimos retirar os chips, estamos buscando essa informação”, afirmou.

Ainda de acordo com a Folha, os investigadores tentam confirmar informações sobre a pressurização do sistema de degelo das asas com os dados dos chips extraídos na França. 

O que se sabe até agora

O Cenipa divulgou na última sexta-feira (6/9) o relatório preliminar sobre a queda do avião da Voepass em Vinhedo. Segundo normas da FAB, o documento deve ser produzido em até 30 dias após o acidente. 

O parecer não se dedicou a entender o que causou a queda, mas o que aconteceu com a aeronave.

No caso do acidente da Voepass, a investigação inicial analisou as duas caixas-pretas da aeronave – uma que grava a voz da tripulação, e outra que armazena dados do avião durante o voo. 

A gravação revelou que, ainda na fase de subida do voo, o primeiro alerta de formação de gelo foi emitido pela aeronave. O piloto Danilo Santos Romano acionou o sistema de degelo do avião, mas percebeu em seguida que os mecanismos não funcionavam da forma correta.

A possível falha do sistema, porém, ainda não foi confirmada pelo Cenipa. Daí a importância de checar outros dados da aeronave e analisar os destroços para conferir se houve problema no mecanismo.

A investigação inicial também mostrou que, segundos antes do avião cair, o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva disse que havia “bastante gelo” na aeronave. 

O relato dele coincidiu com alertas de possível congelamento de partes da aeronave, de baixa velocidade e de degradação de performance. Também coincide com as condições meteorológicas da data, que indicavam alto índice de formação de gelo no trajeto feito pela aeronave.

A análise das duas caixas-pretas permitiram verificar ainda que a tripulação ligou o sistema de degelo três vezes durante o voo, em resposta aos alarmes emitidos pela aeronave. A última vez que o mecanismo para quebra do gelo foi ligado pelo piloto Danilo Santos Romano ocorreu 5 segundos após o copiloto Humberto alertar sobre o acúmulo de gelo.

O Cenipa informou que a aeronave estava com todos os registros de manutenção atualizados, e o funcionamento dos componentes do avião haviam sido checados no dia do acidente.

Fonte: Oficial