São Paulo – A penhora de uma coleção de 7,5 mil pares de tênis com valor estimado em R$ 60 milhões foi determinada pelo juiz da 10ª Vara Cível de São Paulo para o pagamento de uma dívida no valor de R$ 12 milhões. Eles pertencem ao empresário Rodrigo Clemente, considerado o maior colecionador de tênis do Brasil.
A decisão é resultado de um pedido de penhora realizado pelo advogado Gabriel Gehres, que representa a Valorem Fidc Multisetorial, empresa de fundos de investimento. Segundo documentos apresentados, a dívida de Rodrigo Clemente é de R$ 12 milhões.
O juiz Danilo Fadel de Castro alegou que a lei prevê que todos os bens do devedor respondem pelo inadimplemento. “Como é uma coleção de bens, não faz sentido ele alegar que usar sete mil tênis para uma finalidade efetivamente útil”, disse o advogado da Valorem ao Metrópoles.
“Apesar de não pagar o que deve, percebemos que ele se apresentava na imprensa como um grande colecionador, com patrimônio que ultrapassa com folga o valor do débito. Então, mesmo que o pedido parecesse inusitado, verificamos a possibilidade do pedido de penhora para solucionar o débito”.
Em novembro de 2023, a Marka Promocao de Vendas e Eventos Ltda, empresa vinculada ao colecionador, foi intimada. Sem sucesso na negociação, o escritório do fundos de investimento optou por pedir a penhora.
Em junho de 2024, o magistrado Danilo Fadel de Castro determinou em sua decisão que a finalidade única é a garantia de proteção aos direitos fundamentais. “Como indicam as provas apresentadas, a pessoa tem uma coleção de tênis, que de acordo com uma preliminar avaliação seria suficiente para quitar sete vezes a dívida. Por mais que entre o colecionador e os objetos exista um vínculo afetivo, tal fato não é suficiente para não reconhecer que, nessa situação, o direito patrimonial da parte exequente deve receber a tutela estatal”.
Ao Metrópoles, o advogado Neto Carrara, que representa Rodrigo Clemente, disse que “de fato existe uma relação comercial vencida de umas das empresas do Rodrigo Clemente com o fundo Valorem”.
“Mas há garantia real lastreando a operação envolvendo um imóvel no litoral norte de São Paulo. As partes já estão em fase final de acordo e não haverá a efetivação da penhora da coleção”.
A decisão do juiz, publicada no dia 25 de junho, indicava que a coleção deveria passar pela avaliação oficial e seguir para leilão judicial. “Expeça-se, com urgência, mandado de penhora da coleção de tênis em cujo documento deverá constar que o(a) oficial(a) de justiça deverá lavrar auto circunstanciado, indicando características de cada um dos pares de tênis, para que seja possível a identificação e avaliação”.
Coleção de milhares de pares de tênis
Iluminação, uma equipe que limpa e cuida dos tênis e o uso de um desumidificador que suga toda a água para não hidrolisar os tênis são alguns dos cuidados mencionados por Rodrigo em reportagens publicadas em 2023 sobre sua coleção. Ao G1, o empresário disse que ganha mais sneakers do que compra, mas continua com uma média de 20 compras mensais.
Em sua conta no Instagram, o colecionador publicou um recentemente um texto sobre sua trajetória. “Este sou eu. O mais novo de 3 filhos, um louco por resolver o que as pessoas tem medo. Aos 12 perdi o pai, aos 13 sai de casa para jogar basquete, e minha mãe com o pouco que tinha, alimentou meus sonhos. Ninguém bancou minha vida, eu ralei cada segundo. Me apaixonei pelos tênis que não tinha como ter”.
Rodrigo lamenta que vive meses difíceis por conta de “pseudoamigos”.
“Aprendi e custou caro, mas, a vida, a vida é uma caixinha de surpresas e certamente vai passar, afinal, quem me protege não dorme”.
Fonte: Oficial