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Com que roupa eu vou? Mulher faz sucesso com “moda penitenciária”

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Moda Penitenciária: quem é a moça que vende roupas para visitas em prisões - Metrópoles

São Paulo — Camilla Bez, de 32 anos, revolucionou um nicho muito específico do mercado da moda: o penitenciário. Tendo ela mesma passado, em 2022, pela situação de ter o esposo preso, decidiu abrir uma loja focada apenas em roupas de visitas para aquelas que querem encontrar os parceiros em prisões de São Paulo.

Diferentemente do que se pode imaginar, uma blusa branca e uma calça jeans bem “basiquinha” faria a visitante ser mandada de volta para casa. A cor não é permitida e as calças não podem ter botões metálicos ou zíper.

As regras de vestimenta nas unidades prisionais do Estado de São Paulo foram padronizadas em 2022 pela Secretaria da Administração Penitenciária (SAP). O trabalho de Camilla é procurar peças no mercado que estejam dentro dos padrões, mas que não sejam feias ou desvalorizadas.

Confira as roupas permitidas e proibidas para visitas em prisões:

O intuito da marca é recuperar a autoestima das “cunhadas” do país — termo usado para definir as esposas de presos. A ideia da paulistana foi tão bem recebida que, em abril de 2023, ela lançou um site para poder vender as roupas e, em agosto, abriu a primeira loja física da marca, na Barra Funda, em São Paulo.

Em entrevista ao Metrópoles, Camilla contou que na época em que seu marido estava preso, ela cuidava do filho de 6 meses e estava sem trabalhar. “O sustento de casa vinha todo dele. No primeiro mês, vendi algumas coisas nossas e passei a ir visitá-lo, mas o custo era muito alto por ser em outra cidade. Inicialmente, eu pensei em vender as roupas para custear ao menos as visitas quando eu fosse. Passei a vender por encomenda na fila, no boca a boca entre as meninas que visitavam o mesmo lugar que eu”, explicou.

Rapidamente, Camilla viu que poderia transformar a ideia em um negócio. “Sou neta, filha e sobrinha de comerciantes e camelôs. Nas primeiras semanas que comecei a oferecer [as roupas], já tive muitas encomendas. Notei que a maioria das visitantes eram esposas, então trouxe mais coisas pensando nelas e na visita íntima. Criei uma identidade visual e parti para as redes sociais. Dei visibilidade para um mercado que já existia.”

Camilla explicou que a regra principal em todas as unidades prisionais de São Paulo é vestir as cores permitidas, não ter qualquer tipo de metal ou aro nas roupas, ausência de bolsos, golas em modelo careca, sem capuz e chinelos simples, estilo havaianas. “Além disso, me atento à transparência e comprimento da peça, pois as camisetas devem cobrir o quadril”, contou Camilla sobre os detalhes que mais precisa de atenção na hora de trazer uma peça para a loja.

Outro critério que a paulistana usa na hora de selecionar as roupas é o que estiver em alta entre mulheres de 18 a 35 anos. “O público das filas de um presídio é esse, mulheres nessa faixa etária, esposas, a grande maioria periférica e trabalhadora. São mulheres jovens e vaidosas”, relatou. 

Sustento

Hoje em dia, Camilla se sustenta integralmente com a loja, em Barra Funda. A escolha, inclusive, foi por estratégia: é de lá que saem as excursões para os presídios.

Em 2023, depois do primeiro ‘boom’ de vídeos viralizando, a demanda de pedidos para entregas de motoboy em São Paulo cresceu muito. Por eu morar em uma região mais central, a entrega acabava ficando cara e as meninas preferiam pedir a entrega para a Barra Funda. Eram cerca de 15 a 20 pedidos no final de semana com o mesmo destino, dai veio a ideia de procurar um ponto físico por lá”, contou.

A empreendedora também ressaltou que, por mais que a loja seja focada nas “cunhadas”, qualquer cliente é muito bem-vindo. “Como a loja física é ao lado do Terminal Rodoviário da Barra Funda, sempre passam pessoas e entram sem saber do que se trata por ter se interessado em alguma peça da vitrine”, revelou. “Depois da loja viralizar, também conquistei novos públicos como, por exemplo, mulheres que gostam de looks mais ‘comportados’ para academia”, pontuou.

Fonte: Oficial