São Paulo – Com uma perna com exposição óssea, Matheus Queda Vieira, 27, aguarda desde o dia 27 de julho uma cirurgia para implantação de enxertos após um acidente na Penha, zona leste de São Paulo. Naquela data, sua moto colidiu com um carro, fazendo com que Matheus voasse e sofresse diversas fraturas. Já o motorista do automóvel não sofreu ferimentos.
Com a perna sangrando, mas consciente, ligou para um amigo e para a mãe, Marcele Queda. Ela mora na Praia Grande e encontrou o filho no Hospital Ermelino Matarazzo.
“O acidente foi em torno das 18h. Até umas 2h nada de atendimento e a perna dele piorando”, disse ao Metrópoles.
Matheus foi levado para o Hospital Municipal Vereador José Storopolli, conhecido como “Vermelhinho”. O hospital, então, encaminhou Matheus para a Santa Casa de Misericórdia para realizar uma avaliação e uma cirurgia.
Segundo sua mãe, o hospital não tinha equipamento e nem especialista, no caso, um cirurgião-plástico. Foi atendido por um ortopedista. A avaliação do profissional da Santa Casa apontou a necessidade de realizar a reconstrução com retalho microcirúrgico. O local, conforme memorando, não possuía equipe para essa finalidade, concluindo pelo retorno do paciente ao Vermelhinho.
Exaustos do vai e vem e com o filho sob risco de perder a perna, os pais de Matheus procuraram a Justiça e entraram com um pedido de tutela de urgência que foi deferido no último domingo.
Em sua decisão, a juíza Cinara Palhares destacou que “a situação de extrema urgência está evidentemente caracterizada, pois o autor tem sido transferido de serviços públicos desde o dia 27 de julho de 2024, com FERIMENTOS EXPOSTOS, com risco de amputação da perna, sem obter êxito no atendimento”.
A magistrada reforçou que o procedimento cirúrgico é “URGENTÍSSIMO” devido a presença de necrose e sério risco que a infecção se espalhe para outras regiões do corpo.
A mãe relatou ao Metrópoles que a impressão é que um hospital fica empurrando para o outro. “Vai pra Santa Casa porque lá é estadual”, disseram à ela.
A decisão
Além da determinação imediata da cirurgia, a juíza estabeleceu pena de multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), devendo a multa ser elevada para R$ 10.000,00 caso não haja cumprimento da decisão em até 24 horas. “Ou ainda, caso não seja haja vaga na rede pública, em qualquer hospital da rede particular, com todo o tratamento (cirurgia, medicamentos, exames, apartamento, enfermaria, UTI etc) a expensas dos requeridos, até completa recuperação de sua saúde, ou, até que possa ser transferido para qualquer hospital da rede pública”.
A Secretaria estadual da Saúde afirmou que Matheus teve vaga de transferência autorizada e será levado ainda nesta terça-feira (6/8), para o Hospital São Paulo.
A família de Matheus Queda Vieira confirmou que foi procurada às 18h30, após o contato da reportagem.
Fonte: Oficial