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Contrato liga Milton Leite a empresa de ônibus acusada de elo com PCC

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São Paulo – A construtora Neumax, do vereador e presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União), é suspeita de receber pagamentos mensais da empresa de ônibus Transwolff, acusada de lavar dinheiro para a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

Segundo reportagem do UOL, o valor é referente ao aluguel de um conjunto industrial e de um terreno na zona sul de São Paulo. A quantia, de R$ 812 mil por mês, é quase três vezes maior que o preço de mercado. A assessoria de Milton Leite, contudo, nega a existência do contrato.

A Neumax pertence a Milton Leite e seus filhos, o deputado estadual Milton Leite Filho e o deputado federal Alexandre Leite. Todos são filiados ao União Brasil.

O contrato de aluguel (veja abaixo), reproduzido pelo UOL, é assinado por Milton Leite e por Luiz Efigênio Pacheco, o Pandora, dono da Transwolff e acusado de ser integrante do PCC. Pandora também consta como fiador do contrato, que até agosto deste ano teria transferido cerca de R$ 20 milhões à construtora de Leite.

O contrato se refere ao aluguel de um “conjunto industrial” na avenida Paulo Guilguer Reimberg e a um terreno que se estende nas ruas Luis Superti e Ruben Dario, na Capela do Socorro, uma área construída de 18 mil m² num terreno de 60 mil m² ao todo.

Consulta simples com os números de IPTU no site da Prefeitura de São Paulo revela que o valor venal dos imóveis é de R$ 58 milhões. O aluguel considerado justo no mercado é de 0,5% desse valor, o que daria R$ 290 mil por mês.

Embora o documento aponte o contrário, o presidente da Câmara sempre negou ter relações comerciais com a Transwolff. O parlamentar, porém, também está sob investigação do Ministério Público de São Paulo (MPSP).

A garagem da Transwoolf, também na Capela do Socorro, fica a 500 metros do escritório de Leite. Foi construída, em 2006, por meio de um contrato entre a Lisergo, outra empreiteira do vereador, e a Cooperpam — que se fundiu à Transwolff. O dirigente das viações era Pandora.

Na época, o MPSP chegou a investigar o contrato, mas o caso foi arquivado.

Operação Fim da Linha

Leite é investigado na Operação Fim da Linha, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do MPSP. A investigação apura a infiltração do PCC no sistema de transporte por ônibus na capital paulista.

Pandora chegou a ser preso na operação, mas foi solto após um habeas corpus. Já o vereador teve os sigilos fiscal e bancário quebrados pela Justiça paulista, em fevereiro de 2023

Além do aluguel do conjunto industrial, a Neumax é citada num relatório de auditoria independente das contas da Transwolff como um dos “principais fornecedores” da empresa entre 2021 e 2022. Segundo o documento, a construtora de Leite recebeu outros R$ 2 milhões da empresa de Pandora.

Ligações com o PCC

Apesar de negar envolvimento com o PCC, Milton Leite já foi associado em outras ocasiões à facção paulista. Em julho deste ano, o Metrópoles mostrou que mensagens mostram ligação do político com suspeitos de elo com a organização criminosa.

À época, o MPSP interceptou mensagens e e-mails que mostram relação próxima de Leite com diretores da Transwolff. O vereador negou participação em qualquer esquema.

Nas eleições de 2020, sócios da Transwolff fizeram doações ao PT e ao antigo DEM (atual União), sigla que deu origem ao União Brasil. Dos R$ 240 mil destinados às campanhas, R$ 165 mil foram doados para a direção municipal do DEM.

Essa verba foi distribuída entre os candidatos a vereador pelo partido, que elegeu cinco quadros na capital.

Leite disse que, apesar de “conhecer profundamente” o funcionamento do transporte público na cidade, não possui maiores detalhes sobre dirigentes de empresas de ônibus investigados por suposto elo com o PCC.

“Todos vocês sabem que eu sou um profundo conhecedor de sistema de transportes da cidade de São Paulo. É óbvio que você conversa com todos os setores, de A a Z, mas eu não tenho CPF e RG de cada investigado, não sei quem eles são”, declarou no dia 11 de junho.

O presidente da Câmara não respondeu à nova tentativa de contato do Metrópoles até a publicação desta reportagem. A assessoria da Câmara, no entanto, afirmou que o contrato de que trata a nova denúncia “nunca esteve em vigor e, portanto, o valor informado é uma mentira”.

Fonte: Oficial