Apontado pela Polícia Federal (PF) como “principal operador financeiro” de um grupo que operou fraudes em Alphaville, bairro nobre e Barueri na Grande São Paulo, o empresário Felipe Macedo Gomes é um dos “jovens ricaços” que controlavam quatro entidades que faturaram R$ 700 milhões com descontos indevidos de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Gomes foi presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios (Amar Brasil), uma das entidades investigadas, e se silenciou sobre a doação que fez para a campanha do ex-ministro Onyx Lorenzoni (PP), que concorria ao governo do Rio Grande do Sul em 2022.
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Gomes foi à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS a partir de uma convocação, na condição de testemunha, mas usou um habeas corpus concedido pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), e se limitou a dizer que iria “permanecer em silêncio”. A doação a Onyx foi revelada pelo Metrópoles e, à época, o ex-ministro disse que não conhecia o doador.
No governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Onyx passou pela Casa Civil, Ministério da Cidadania, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência e do Ministério do Trabalho e da Previdência, última pasta que ocupou no governo, entre julho de 2021 e março de 2022.
Segundo investigação da PF, a doação não teve relação com a farra do INSS, mas na CPMI, Gomes preferiu não falar sobre o assunto.
“Trata-se de doação de pessoa física, registrada junto ao TSE, para campanha eleitoral de Onyx Lorenzoni, Deputado Federal na época dos fatos. Logo, cuida-se de fato sem qualquer relação com os delitos ora investigados no presente apuratório, que estão relacionados a descontos indevidos em aposentadorias do INSS”, diz a PF.
O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União- AL), questionou se a doação foi pagamento de propina. Segundo pessoas próximas a Gomes, a doação ao ex-ministro seria parte de um projeto do investigado de entrar para a política. O plano foi abortado diante do sucesso dos rendimentos das associações que faziam descontos indevidos.
Além da Amar Brasil, os sócios de Gomes controlavam a Master Prev, a Associação Nacional de Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas (ANDAPP) e a Associação de Amparo Social ao Aposentado e Pensionista (ASAAP). Juntas, as entidades lucraram R$ 700 milhões com descontos associativos de aposentados e pensionistas do INSS.
Elo com outro ministro
Com base em reportagem do Metrópoles, o relator da CPMI também questionou Gomes sobre sua relação com outro José Carlos Oliveira, que foi presidente do INSS e, assim como Onyx, foi ministro da Previdência no governo Bolsonaro.
Parentes de Oliveira e de Gomes foram mortos juntos, em frente a um restaurante de alto padrão na zona Sul de São Paulo, em 2013. O homicídio teria estreitado os laços entre as famílias. O ex-presidente da Amar Brasil também se silenciou sobre esse episódio.
Fonte: www.metropoles.com