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Datena se frustra com efeito Marçal e faz campanha como anticandidato

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Imagem mostra pessoas aglomeradas - Metrópoles

São Paulo — “Meu desejo sempre foi o de ser senador. Agora, se eu não for eleito prefeito de São Paulo, o que eu acho que pode acontecer, as coisas mudam muito rapidamente, aí, não vou nem tentar ser senador. Porque, realmente, a política é cansativa”. Foi assim que o candidato do PSDB à prefeitura, José Luiz Datena, definiu o seu momento político ao longo da semana.

A declaração foi dada na sabatina da GloboNews, na quinta-feira (29/8), e compõe um mosaico que mostra Datena como um anticandidato, alguém que está na disputa, mas não pede votos e até afirma sentir saudades do programa de televisão comandado por ele nos fins de tarde da TV Bandeirantes. Além de disputar um cargo que não era sua prioridade.

Apesar de tudo, o apresentador de TV é enfático ao afirmar que não pretende abandonar a disputa no meio da campanha. “Antes que alguém faça a pergunta, eu não vou desistir. De cara, quero dizer que não vou desistir, apesar das pesquisas”, disse no início da mesma sabatina.

Na quarta colocação na última pesquisa Quaest, com 12% das intenções de voto, Datena também não esconde o que atrapalhou seus planos. O apresentador queria ser visto como a opção viável diante da polarização entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSol), a quem chamou de marionetes de Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT), respectivamente. As primeiras pesquisas eram auspiciosas. Não contava, porém, com o surgimento de Pablo Marçal (PRTB), como admitiu.

Fora da curva

“De repente, apareceu um cara totalmente fora da curva, com o qual eu não comungo das ideias dele, muito menos da aproximação que ele parece ter com o crime organizado. Isso não me interessa. E um cara que, repito, ele brinca com a democracia, quando desvirtua os debates eleitorais, que são o melhor caminho ainda para que se escolha o candidato”, disse.

Se Marçal é sua pedra no sapato, a expectativa de todo o entorno de Datena é a de que a Justiça tire o influencer do caminho, com ações que já estão em curso, o que deixaria a jornada menos tortuosa. Entretanto, não há qualquer garantia de que isso ocorra.

Enquanto isso, o apresentador de TV lida com o momento atual da forma como pode. Como treinador de um time que não atingiu os resultados esperados no início do campeonato, Datena até colocou a candidatura à disposição do PSDB ao longo da semana. “O partido continua insistindo que eu sou o nome certo para ser candidato a prefeito de São Paulo”, disse. “Enquanto o partido quiser e não me sacanear, vou continuar. Tenho chance de ser eleito”, afirmou.

É nisso que Datena se fia. O apresentador já disse que essa é a eleição mais difícil e que todos podem ser eleitos, inclusive ele próprio. Mas adota um estilo pouco usual entre aqueles que vão para as ruas abordar possíveis eleitores.

Datena não pede votos e até aconselha os eleitores a votarem em outros candidatos, caso entendam que esses são melhores do que ele próprio. “Todo mundo insiste para que eu peça votos, inclusive gente da minha equipe. Você não tem que pedir votos. Vota em você quem acredita e quer votar”, disse na zona norte de São Paulo.

Quando questionado pelas pessoas, diz que sente saudade do programa na TV e recomenda que acompanhem seu filho, Joel, no Brasil Urgente. Mas demonstra gostar muito do que tem acontecido em meio ao povão. “O que estou sentindo na rua, quando saio, é um carinho enorme da população comigo”, disse.

As caminhadas na campanha transformam a calçada em programa de auditório. Em meio a gritos de “é só no nosso”, Datena responde “agora é só no deles”. Muitas pessoas querem abraçá-lo, tirar fotos, fazer vídeos e até ligações para parentes com a voz inconfundível do apresentador, sendo que algumas delas nem sabem que ele é candidato. Datena retribui o carinho do povão e até canta “parabéns pra você” para aniversariante que cruze seu caminho.

Também aproveita para se “alimentar de rua”. A rotina no rádio e na TV, com programas feitos em estúdio, de casa para a emissora, afastaram o ex-repórter de campo do contato com as pessoas. Ele não esconde que esse reencontro tem trazido satisfação e feito com que aprenda com o povo, a quem atribui soluções que não podem ser encontradas em planos de governo.

Para o pessoal que vive a campanha ao seu redor, é um fato que Datena tem a personalidade incontrolável. “Os marqueteiros tentam me orientar, mas eu sou difícil de acatar coisa que, para mim, não seja verdade”, disse ele mesmo, na sexta (30/8), no Ipiranga.

Na quarta (28/8), ele reclamou do fato de terem marcado uma agenda de campanha no Mercado de Pinheiros, onde não tinha aglomeração de pessoas. Perguntava onde estava o povo e decidiu, ali mesmo, mudar o local onde faria gravações. Foi até a Ponte do Jaguaré, na Marginal Pinheiros, porque viu pessoas em situação de rua no local.

No mesmo dia, Datena afirmou que teve uma noite ruim causada por diabete, mas disse que a saúde não tem prejudicado a sua performance como candidato. “Claro que ‘mens sana in corpore sano’ [mente sã em corpo são]. Se tem problema um dia, você não está em todas as suas condições para trabalhar”, disse. “Sou um cara que, mesmo após 20 anos da extração de um tumor, eu trabalho pra caramba. Duas horas por dia em rádio, três horas e meia em televisão e nunca faltei ao trabalho. Não gosto de tirar férias. Durante a pandemia, talvez tenha sido um dos únicos funcionários da Band a trabalhar sozinho no estúdio. Procuro vencer essas dificuldades”, afirmou.

O apresentador de TV, que participa pela primeira vez de uma eleição, já percebeu que a jornada é longa fora dos estúdios. Na Vila Clementino, na terça (27/8), ao ser questionado sobre a sequência da campanha, foi direto. “Não sei quais são os próximos passos, só sei que já andei um bocado”, disse.

Fonte: Oficial