O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aproveitou a Operação Auditoria, deflagrada pela Polícia Civil nesta terça-feira (21/10), para resgatar uma troca de mensagens que sugeria ligação entre o PT e a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Após a operação, Tarcísio compartilhou fotos que mostram trocas de mensagens entre traficantes apontados como administradores da facção. “Essas imagens mostram ‘diálogos cabulosos’ do crime”, escreveu o governador na legenda da publicação.
Ver essa foto no Instagram
Uma publicação compartilhada por Tarcísio Gomes de Freitas (@tarcisiogdf)
Sem citar nominalmente o PT, o comentário é uma referência explícita à outra troca de mensagens, interceptada Polícia Federal em agosto de 2019 durante a Operação Cravada, que mirou a cúpula financeira do PCC.
A conversa obtida na época mostra um líder da facção afirmando que o PCC tinha um ‘diálogo cabuloso’ com o PT , enquanto criticava o então o ministro da Justiça e Segurança Pública do governo de Jair Bolsonaro (PL), Sérgio Moro.
“Diálogos cabulosos”
Um dos alvos da Operação Cravada foi Alexsandro Roberto Pereira, conhecido como “Elias” ou “Veio”. De acordo com as investigações, ele era responsável por “posição na hierarquia da organização criminosa”, além de “possuir poder de decisão e mando sobre os demais integrantes”.
Leia também
-
São Paulo
Tarcísio expõe diálogo entre traficantes e capitaliza ação contra PCC
-
São Paulo
Tarifaço no etanol: “Não precisamos fazer cessões”, diz Tarcísio
-
São Paulo
PT usa vetos de benesses a policiais para constranger base de Tarcísio
-
São Paulo
Tarcísio volta a atacar PT e defende privatização de estatais em SP
No dia 22 de abril, ele diz a outro interceptado, André Luiz de Oliveira, o “Salim”: “A gente sabe que esse governo que veio, irmão, os cara começou o mandato agora, têm quatro ano aí pela frente.”
“Você acha que os cara já começou o mandato mexendo com nois, irmão. Já mexendo diretamente com a cúpula, irmão. Então, se os cara começou mexendo com quem estava na linha de frente, os caras já entrou falando o quê?”, afirmam.
O traficante passa então a criticar o ministro Sergio Moro. “Com nois já não tem diálogo, não, mano. Se vocês estava tendo diálogo com outros, que tava na frente, com nois já não vai ter diálogo, não. Esse Moro aí, esse cara é um filha da puta. Ele veio pra atrasar”.
“Ele começou a atrasar quando foi pra cima do PT. Pra você ver, o PT com nois tinha diálogo. O PT tinha diálogo com nois cabuloso, mano, porque… situação que nem dá pra nois ficar conversado a caminhada aqui pelo telefone, mano. Mas o PT, ele tinha uma linha de diálogo com nois cabulosa, mano….”, diz Elias.
O governador vem de uma sequência de desgastes, depois de ter brincado em uma coletiva de imprensa sobre as mortes envolvendo intoxicação por metanol e participado das articulações pela derrubada da MP do IOF em Brasília. Com a postagem desta terça, Tarcísio intensifica sua posição de disputa com o PT.
Operação contra pontos de tráfico do PCC
Policiais civis de São Paulo realizaram nesta terça (21/10) uma operação contra integrantes do PCC que seriam “auditores” da facção, atuando na fiscalização de 80 pontos de tráfico de drogas.
As imagens compartilhadas por Tarcísio mostram a movimentação financeira das bocas de fumo, chamadas de “lojas” pelos traficantes. Uma delas, no extremo leste de São Paulo, teria vendido cerca de R$ 188 mil em drogas em uma semana. A maior parte da publicação, contudo, indica transações de menor valor – com vendas semanais entre R$ 500 e R$ 20 mil.
7 imagensFechar modal.1 de 7
Conversas de auditores do PCC interceptadas pela polícia de SP
Divulgação/DHPP2 de 7
Conversas de auditores do PCC interceptadas pela polícia de SP
Divulgação/DHPP3 de 7
Conversas de auditores do PCC interceptadas pela polícia de SP
Divulgação/DHPP4 de 7
Conversas de auditores do PCC interceptadas pela polícia de SP
Divulgação/DHPP5 de 7
Conversas de auditores do PCC interceptadas pela polícia de SP
Divulgação/DHPP6 de 7
Conversas de auditores do PCC interceptadas pela polícia de SP
Divulgação/DHPP7 de 7
Coletiva sobre auditores do PCC no DHPP
Milena Vogado/Metrópoles
Na postagem, o governador reforça a importância dos alvos da operação, que seriam responsáveis por “controlar cargos administrativos dentro da facção”. Um dos diálogos também foi publicado pelo secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP).
Segundo publicado, a operação mobilizou 97 equipes da polícia, que cumpriram 38 mandados de prisão preventiva e 110 de busca e apreensão em São Paulo, Guarulhos, Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos, Suzano e Mogi das Cruzes.
A estrutura da quadrilha foi descoberta por agentes da 8ª Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco). Segundo o delegado Guilherme Leonel, responsável pela operação, somente em um dos pontos de tráfico administrados pelos investigados foi contabilizado o ganho próximo de R$ 700 mil em uma semana.
Fonte: www.metropoles.com