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Doação de órgãos e grito por justiça: o adeus a jovem morto por bêbado

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São Paulo — Gritos por justiça, lágrimas, o hino do São Paulo e balões marcaram a despedida do adolescente Kaique Peres Santana, de 16 anos. Seu corpo foi velado e sepultado na manhã desta quinta-feira (5/7) no cemitério Cachoeirinha, na zona norte. Ele e o amigo Héros Alcondas de Abreu foram atropelados no sábado (31/8) quando o motorista, Sérgio Roberto de Paula invadiu a calçada da Avenida João Paulo Primeiro, na Brasilândia, na zona norte de São Paulo.

Ainda no local do atropelamento, motorista foi submetido ao bafômetro, que acusou a presença de 0,36 mg/l de álcool no sangue. Ele foi preso em flagrante e solto após audiência de custódia. O inquérito da Polícia Civil foi instaurado na quarta-feira (4/9), data do velório de Héros.

Os jovens tiveram as mortes confirmadas na madrugada de terça (3/9). Melhores amigos, a dupla estava indo jogar futebol quando foi atingida.

Na ponta do caixão, estava a bandeira do time de futebol de Kaique, o São Paulo. O jovem era medalhista de bronze em olimpíada de matemática e planejava estudar no exterior.

Entre as pessoas que compareceram ao enterro nesta quinta, a pergunta: “Porque o juiz liberou o motorista?”. Cerca de mil pessoas compareceram ao velório.

Neste momento, para que o motorista seja preso, é preciso um pedido do Ministério Público de São Paulo (MPSP) para o Tribunal de Justiça (TJSP). O Metrópoles apurou que o TJSP decretou sigilo no processo para proteger as partes e a investigação.

“O que me pegou foi porque ele (motorista) não foi preso”, comentou um amigo que não quis se identificar.

No final do sepultamento, balões com o  nome de Kaique e do melhor amigo, Héros, subiram até o céu.

Manifestações estão sendo organizadas na Brasilândia, bairro da zona norte onde os adolescentes moravam e foram atropelados. “Se a justiça não agir, agiremos”, contou uma pessoa próxima sob sigilo. Num grupo de WhatsApp, a comunidade compartilha mensagens de luto.

Órgãos doados

Doador de órgãos, Kaike foi descrito pelos amigos como especial e generoso. O ato foi lembrado pelos amigos como algo representativo sobre sua personalidade. “Para que outros tenham a chance de realizar sonhos que o Kaique não conseguirá. É a forma de manter ele vivo”, disse sua mãe, Michele.

O ato colabora para que outras pessoas recebam transplantes. Em setembro de 2023, São Paulo bateu um recorde ao registrar o maior número de transplantes de coração em seis anos, aumento de 8% em relação a 2022.

Transplantes em SP

Até o primeiro semestre deste ano, foram realizados 4.027 transplantes de órgãos no estado de São Paulo, sendo 63 para coração; 309 para fígado; oito para pâncreas; 22 para pulmão; 865 para rins; 22 para pâncreas/rim; e 2.738 para córneas.

No primeiro semestre de 2023, por sua vez, 4.376 transplantes foram realizados no estado, sendo 63 para coração; 337 para fígado; oito para pâncreas; 15 para pulmão; 935 para rins; 27 para pâncreas/rim; e 2.991 para córneas.

A Central de Transplantes do Estado de São Paulo informou, através da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo que, até julho deste ano, 197 pacientes aguardam pelo transplante de coração; 4.927 estão inscritos para receber córnea; 487 aguardam por fígado; três pacientes precisam receber o transplante de pâncreas; 90 aguardam pulmão; 18.065 aguardam por rim e 138 pacientes estão na fila de transplantes para rim/pâncreas.

Conforme legislação estadual vigente, todo o processo de doação de órgãos é sigiloso. Familiares de doador falecido que estejam na fila, após realização dos testes de compatibilidade, podem ser beneficiados com o respectivo órgão aguardado. Neste caso, geralmente os demais órgãos são distribuídos para os demais que estão na fila.

Fonte: Oficial