São Paulo — Relatórios obtidos pelo jornal O Globo mostram que em duas ocasiões recentes aviões da companhia aérea VoePass, envolvida no acidente que matou 62 pessoas em Vinhedo, no interior de São Paulo, tiveram problemas relacionados a explosões e fumaça no motor. Os documentos foram redigidos pelos próprios pilotos dos aviões.
Em 4 de dezembro do ano passado, passageiros de um ART-62 600 da VoePass viram labaredas saindo de um dos motores durante a decolagem no aeroporto de Araguaína, Tocantins.
O incidente, registrado em vídeo, teria sido provocado por um estol de compressor, uma interrupção ou desordenação do fluxo de ar nos dutos do motor do avião. O voo teria sido cancelado após a explosão.
Segundo o jornal, o avião foi comprado pela VoePass após 11 anos de operação. Antes, passou por empresas na Índia e em Antígua e Barbuda.
Em 29 de janeiro deste ano, um avião da companhia aérea também se envolveu em problemas com fumaça no motor. Dessa vez, a aeronave envolvida foi um ATR 72, modelo idêntico ao do acidente de Vinhedo.
Segundo o relatório obtido por O Globo, a fumaça teria sido provocada por um vazamento de óleo. O avião, de matrícula PP-PTM, tem 16 anos de uso, passando pela Trip e Azul, até ser comprada pela VoePass em 2015.
“O cheiro, barulho de deslocamento de ar, comissário [nome] me chamou para avisar que estava percebendo um cheiro estranho e logo em seguida me confirmou que o propeller [hélice] estava girando e o motor estava pegando fogo”, diz o piloto no relatório obtido pelo jornal.
“A rádio de Campina Grande (AFIS) realizou contato conosco e avisei que estávamos cientes do sinal de fumaça. Na sequência, desembarcamos e constatamos fumaça da região dianteira da nacelle [suporte do motor fixado na asa de uma aeronave], entre as hélices e motor, e um pequeno sinal de fogo parecendo ter sido motivado pelo vazamento de óleo”, complementa ele.
VoePass
Nessa terça-feira (13/8), o presidente e cofundador da companhia aérea VoePass, Comandante Felício, se pronunciou pela primeira vez sobre o acidente aéreo que matou 62 pessoas em Vinhedo.
Em vídeo divulgado pela equipe de comunicação da companhia, Felício afirmou se tratar de um momento de “grande pesar para todos” da empresa.
Segundo o comandante, a VoePass não está “medindo esforços” para prestar apoio aos familiares e citou a realização diária de reuniões com eles, além da criação de um canal exclusivo para comunicação.
Por fim, o presidente da companhia aérea afirma que, desde que assumiu a administração da empresa, há 20 anos, a VoePass atua pautada pelas diretrizes internacionais para “garantir a segurança de todos”.
Fonte: Oficial