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Entregador usa conta de bike para fazer delivery de moto sem CNH

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Durante as semanas em que conversou com dezenas de entregadores em São Paulo, a reportagem do Metrópoles encontrou alguns profissionais que usam cadastro de outras pessoas para poder trabalhar pelo iFood. Um deles chamou a atenção por expor a total precariedade do sistema e como as pessoas se arriscam pela sobrevivência.

José (primeiro nome) usa a conta do irmão, cadastrada para bicicleta, mas faz as entregas com moto. Além disso, ele não tem Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para acelerar pelas ruas da capital paulista.

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“Estou sem a conta do iFood há seis anos. Peço uma segunda chance a eles, mas nunca me dão. Falam que eu não posso, não liberam”, diz. “Hoje em dia, eu sobrevivo do iFood na conta dos outros, porque não posso ter a minha.”

A segunda chance é o processo a que se submetem os entregadores para retornar ao aplicativo, depois de uma expulsão da plataforma por ter cometido algo que, na visão do iFood, foi uma infração gravíssima.

Fraudar o sistema — uso de documento falso, adulteração de GPS —, emprestar a conta para terceiros, não concluir entregas, comer o lanche do cliente, agressão, entre outros, são algumas das falhas imperdoáveis.

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Entregador na Avenida Paulista, em São Paulo

William Cardoso/Metrópoles2 de 39

Entregadores em frente ao SP Market, em São Paulo

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Tenda de apoio do iFood no Tucuruvi, na zona norte de São Paulo

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Entregador em frente ao SP Market, em São Paulo

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Entregadores em frente ao SP Market, em São Paulo

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Ponto de apoio improvisado em frente ao SP Market – Metrópoles

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Local de retirada de produtos do iFood, na Rua Conceição de Monte Alegre, no Brooklin, em São Paulo

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Ponto de apoio a entregadores de uma dark kitchen, na Rua Guararapes, no Brooklin, na zona sul de São Paulo

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Ponto de apoio a entregadores do iFood, no Tatuapé na zona leste de São Paulo

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Moto do lado de fora do Shopping Anália Franco, na zona leste de SP

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Motos do lado de fora do Shopping Campo Limpo, na zona sul de SP

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Motoboys em semáforo no Campo Limpo, na zona sul de SP

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Ponto de apoio do iFood em Moema, na zona sul de SP

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Entregador cruza ciclopassarela no Rio Pinheiros, na zona oeste de SP

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Entregador cruza ciclopassarela no Rio Pinheiros, na zona oeste de SP

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Entregador durante a pausa em ponto de apoio de dark kitchen, na Rua Clélia, na Lapa, zona oeste de SP

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Ponto de apoio de dark kitchen, na Rua Clélia, na Lapa, zona oeste de SP

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Entregador na Avenida Paulista, em São Paulo

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Entregadores no Shopping Santa Cruz, na Vila Mariana, em São Paulo

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Aviso de fechamento de ponto de apoio no Itaim Bibi, em São Paulo

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Ponto de apoio no Itaim Bibi, na zona oeste de SP

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Mochila de entregador do iFood, em São Paulo

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Bicicleta elétrica durante recarga na zona sul de São Paulo

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Policiais militares aplicam multa em entregadores ao lado do Shopping Pátio Paulista, em São Paulo

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Motoboys na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, em São Paulo

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Bicicleta de entregador presa em árvore em frente ao Shopping Pátio Paulista, em São Paulo

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Entregador do Ifood em São Paulo

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Bicicleta e bag do Ifood em lanchonete da zona norte de São Paulo

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Motoboys na zona norte de São Paulo

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Motogirl em lanchonete na zona norte de São Paulo

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Casal Joilton e Claudete no Center Norte, em São Paulo

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Entregadores em lanchonete em São Paulo

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Tenda de apoio na zona norte de São Paulo

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Repórter William Cardoso durante entrega em São Paulo

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Repórter William Cardoso durante entrega em São Paulo

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Repórter William Cardoso durante entrega em São Paulo

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Repórter William Cardoso durante entrega em São Paulo

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Repórter William Cardoso durante entrega em São Paulo

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Repórter William Cardoso durante entrega em São Paulo

Arquivo Pessoal/William Cardoso

O Metrópoles encontrou entregadores que disseram ter até mandado e-mail para executivos do iFood em busca de uma nova oportunidade, após serem excluídos da plataforma.

A situação de José é uma amostra de como entregadores ultrapassam qualquer limite quando precisam lutar pela sobrevivência. Ele tem três filhas pequenas e não consegue emprego com carteira assinada. Também cita que tem antecedente criminal por envolvimento com drogas, embora alegue que foi preso injustamente.

O iFood pede reconhecimento facial ao longo de um dia de trabalho para comprovar que o entregador é mesmo a pessoa cadastrada. A forma encontrada por José (e também por outros) para driblar a checagem é ir até o irmão todas as vezes em que o app pede para colocar o rosto diante da câmera.

José tem dificuldade para se alimentar adequadamente ao longo do dia e se justifica por usar a moto em uma conta cadastrada pelo irmão para trabalhar com bike. Ele diz que já fez entregas com bicicleta, mas terminava o dia arrebentado, com até 100 km pedalados por jornada.

A flexibilidade do horário de trabalho é um dos motivos que faz com que prefira as ruas. “Não consigo ter emprego registrado, porque preciso trabalhar nas ruas para pegar minhas filhas nas creches”, diz. José ganha entre R$ 120 e R$ 150 por dia.

O que diz o iFood

O iFood afirmou ao Metrópoles que não incentiva comportamentos de risco, e que os tempos de entrega têm parâmetros realistas e seguros, “respeitando os limites de velocidade e as condições do trânsito”.

“As campanhas de incentivo, como promoções e desafios, são totalmente opcionais e têm como objetivo ampliar a previsibilidade de ganhos dos entregadores, especialmente em momentos de alta demanda, como dias de chuva ou horários de pico”, afirma a empresa. “O iFood não incentiva, em nenhuma hipótese, comportamentos de risco”.

O iFood diz que reconhece a importância dos pontos de apoio e afirma estar comprometido em oferecer o melhor suporte possível aos parceiros em diferentes cidades brasileiras, incluindo pontos próprios, bem como parcerias com instituições públicas e privadas.

A Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), que representa os principais aplicativos, diz que as plataformas associadas mantêm estratégias e diretrizes próprias em relação aos entregadores dentro de cada modelo de negócio. Segundo a entidade, as empresas não estimulam longas jornadas e velocidade acima do permitido.

Fonte: www.metropoles.com