São Paulo — O ex-guarda civil municipal Elisson de Assis, acusado de integrar uma milícia que extorquia comerciantes no centro de São Paulo, se entregou à polícia no início da tarde desta quarta-feira (7/8), no 93º Distrito Policial da capital, no bairro do Jaguaré, na zona oeste. O GCM foi alvo de um mandado de prisão expedido no âmbito da Operação Salut et Dignitas, deflagrada pelo Ministério Público do estado nessa terça-feira (6/8).
Segundo promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Elisson de Assis mantinha “empresas de segurança” que ofereciam aos comerciantes um serviço de “proteção” contra criminosos e usuários de drogas.
O afastamento de Elisson da GCM foi confirmado nesta quarta-feira, em publicação no Diário Oficial do município.
Além dele, dois guardas civis municipais foram presos: Antônio Carlos Amorim Oliveira e Renata Oliva de Freitas. Rubens Alexandre Bezerra, ex-GCM, segue foragido.
Durante as investigações, os promotores tiveram acesso à planilha nomeada como “lista de colaboradores de boa fé que pagaram a segurança”, que mostra quais comerciantes eram extorquidos pela milícia.
Stive Monitoramento
Segundo o Gaeco, uma das empresas de “segurança” por meio da qual a “milícia” prestava serviço é a Stive Monitoramento, no nome de Mayara Ximenes do Nascimento, esposa de Elisson de Assis.
Os promotores apontam que o guarda civil e a esposa realizaram movimentações financeiras atípicas, de acordo com relatório do Coaf. Elisson recebeu 18 transações via Pix, provenientes de Odelma Aparecida Costa dos Santos, totalizando a quantia de R$ 22.194,50.
Em 21 de julho de 2023, por exemplo, o pai de Mayara recebeu uma transferência de R$ 603.303.
R$ 3 millhões em 6 meses
Relatórios do Coaf obtidos pelos promotores também apontam movimentações suspeitas de Antônio Carlos Amorim Oliveira. O GCM, acusado de integrar a milícia, recebeu mais de R$ 3 milhões em seis meses, entre junho e dezembro de 2021. Dessa quantia, R$ 702.870 foram creditados por meio de 181 depósitos em espécie.
Eles ocorreram de forma fragmentada, por meio de empresas de estados distantes de São Paulo, o que, para os promotores, indica “clara atividade de lavagem de capitais”, tendo em vista que “esse dinheiro movimentado é muito maior do que a sua capacidade financeira”.
“Desconheço milícia”
Em entrevista coletiva realizada na tarde dessa terça-feira (6/8), após a operação do MPSP, o promotor Lincoln Gakiya, que comanda o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) reafirmou as suspeitas sobre a existência milícias no centro de São Paulo.
Apesar disso, o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), disse desconhecer a atuação de milícias na região.
“A prefeitura desconhece milícia atuando na cidade de São Paulo. O que a prefeitura tem é um regime muito rígido com relação a sua Guarda Civil Metropolitana, até pela consideração e reconhecimento. Temos 7.500 homens e mulheres. Em respeito a eles, temos um sistema muito rígido em relação à separação de um ou outro indivíduo que cometa algum ato fora dos padrões e ilícitos”, afirmou Nunes.
O prefeito de São Paulo citou o caso de Elisson de Assis, que foi alvo de suspeitas de extorsão em julho do ano passado. Na época, a prefeitura solicitou que o MPSP pedisse a prisão dele.
Em reservado, promotores do Gaeco afirmam que o pedido feito pela prefeitura trouxe publicidade ao caso e atrapalhou as investigações.
Fonte: Oficial