No último dia 3, Klaus Viana Munch entrou caminhando em uma galeria, no bairro Itaguá, , em Ubatuba, litoral paulista, movimentação que era observada pelo ocupante de uma moto vermelha, estacionada na Avenida Leovigildo Dias Vieira.
Sem retirar o capacete e ainda na avenida, o assassino sacou uma pistola com a qual executou a vítima, no piso superior da galeria. Em seguida, o atirador fugiu correndo até uma lancha, ocupada por dois homens. Douglas de Oliveira, proprietário da embarcação, guiada por ele após o homicídio, foi preso no último dia 11.
Graças a um depósito de R$ 3 mil, recebido por ele um dia após o assassinato, a Polícia Civil chegou até a mandante. Conforme investigado pela Seccional de São Sebastião, uma empresa registrada no nome de Lucile Andrade Nascimento Couto, de 51 anos, teria feito a transferência do valor.
Até o momento, somente Douglas está atrás das grades, por ter ajudado na fuga do pistoleiro. Além do assassino e Lucile, outros dois homens são investigados e seguem em liberdade. A defesa dos suspeitos mencionados neste reportagem não foi localizada. O espaço segue aberto para manifestações.
A motivação do homicídio
Condenado por organização criminosa e lavagem de dinheiro, Klaus Viana Munch, o Pepão, respondia ao processo em liberdade quando foi assassinado, com ao menos cinco tiros nas costas.
A motivação para a execução, segundo investigação da Delegacia Seccional de São Sebastião, seria a disputa pela exploração do jogo do bicho em Ubatuba com Lucile Andrade Nascimento Couto, viúva de Moacir Ribeiro Couto, apontado como o patriarca de um clã de contraventores. Foragida da Justiça, desde o último dia 11, ela seria mandante do crime, pelo qual teria pago ao menos R$ 30 mil.
Da mesma forma que Pepão, que mantinha negócios de fachada para lavar dinheiro, Lucile também se apresenta como empresária — tendo registradas em seu nome empresas em vários segmentos (imobiliário, título de capitalização, criação de animais). A defesa dela não foi localizada até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.
Crime em família
Ex-genro de Moacir, Pepão atuou na administração das apostas ilegais, controladas pelo clã, em Ubatuba. Ele mesmo admitiu estar envolvido com jogo do bicho, como consta em um documento judicial, obtido pela reportagem.
Os milhões oriundos da contravenção penal geraram disputas entre ele e Lucile, após Pepão se separar da filha de Moacir, há cerca de cinco anos. Desde então, seguiram atuando com as apostas ilegais na cidade litorânea, crime pelo qual o ex-genro do patriarca foi investigado, além de associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Pepão chegou a ficar preso por cerca de um mês, no ano passado, após ser condenado a dez anos. Como a decisão foi em 1ª instância, ele recorria em liberdade.
No processo, obtido pelo Metrópoles, a Justiça deferiu pela prescrição das acusações de jogo de azar, imputando ao suspeito os crimes de associação criminosa e clareamento de valores — oriundos de atividades ilegais.
Faturamento milionário
Pepão era, segundo relatório policial, líder de uma organização criminosa. Ele foi o único réu do processo a admitir a exploração do jogo do bicho, negócio que assumiu em 2019, quando o já ex-sogro, Moacir, ficou doente e teria o escalado para dar continuidade aos negócios ilegais.
Com a ajuda de comparsas, ele lavava milhões por meio de uma empresa de fachada. Conversas interceptadas no celular dele, com autorização judicial, indicam que o clã de contraventores está envolvido com o jogo do bicho há 45 anos e conta coma prestação de serviços de, ao menos, 126 cambistas.
Os conflitos de interesses entre Pepão e Lucile começaram após a morte do patriarca do clã, em 19 de fevereiro de 2022.
Fonte: www.metropoles.com