A Polícia Civil investiga o envolvimento de cinco funcionários da Prefeitura de Praia Grande na execução do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes, assassinado no dia 15 de setembro no município do litoral de São Paulo.
Conforme noticiado pelo Metrópoles, o subsecretário de Gestão de Tecnologia da Prefeitura de Praia Grande, Sandro Rogério Pardini, foi um dos alvos de mandados de busca e apreensão em 29 de setembro.
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Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado da Polícia Civil de São Paulo
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Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil de SP
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Além dele, a investigação mira também um agente da Secretaria de Urbanismo, um engenheiro da Secretaria de Planejamento, uma diretora da Secretaria de Planejamento e um funcionário da Secretaria de Administração.
No endereço de Sandro Pardini, foram apreendidos um celular, dois notebooks, dois pendrives, um computador e três pistolas, além de uma quantia de R$ 50 mil, U$ 10,3 mil e E$ 1,1 mil. Outros oito endereços em Santos, Praia Grande e São Vicente também foram alvos de busca e apreensão.
Nesta sexta-feira (3/10), a defesa de Sandro Pardini afirmou que ele pediu exoneração do cargo com propósito de “propósito exclusivo de direcionar todos os seus esforços ao pleno esclarecimento dos fatos que, por ora, envolvem seu nome”.
Procurada, a Prefeitura de Praia Grande afirmou que “tem pleno conhecimento das duas frentes de investigação em andamento e entende que seja procedimento da apuração que servidores sejam ouvidos pelas autoridades, podendo colaborar com o esclarecimento dos fatos.”
A nota diz ainda que os outros servidores alvos da Polícia Civil seguem no quadro de funcionários e ressaltou que “tal circunstância não significa que esses servidores sejam considerados suspeitos”.
Investigação contra funcionários da prefeitura
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), os mandados foram cumpridos por policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) com apoio da Polícia Civil de Praia Grande.
“Foram apreendidos celulares, eletrônicos e outros itens de interesse da investigação. Demais detalhes serão preservados para garantir a autonomia do trabalho policial”, informou a SSP.
Em nota, a Prefeitura de Praia Grande afirmou que “mantém contato constante com a Polícia Civil e está colaborando integralmente com as investigações, fornecendo imagens, informações e demais materiais solicitados”.
“A Administração Municipal não recebeu qualquer comunicação oficial sobre buscas e apreensões relacionadas à operação mencionada, mas reforça que permanece à disposição das autoridades competentes para prestar todos os esclarecimentos necessários”, disse.
Já a defesa de Sandro Rogério Pardini negou “veementemente toda e qualquer participação, seja ela direta ou indireta, nos fatos que estão sendo apurados” e diz que o subsecretário está disposição das autoridades para “colaborar, naquilo que estiver ao seu alcance, para o efetivo esclarecimento deste trágico ocorrido”.
“Destacamos que os objetos e bens apreendidos não possuem qualquer relação com os fatos, o que foi comprovado pela documentação juntada e confirmado nos esclarecimentos prestados por Sandro, frisa-se, ouvido na qualidade de testemunha. No mais, reforçamos que Sandro tem uma vida completamente voltada ao trabalho lícito e cuidado com a sua família”, completou.
Prisões
Até o momento, quatro suspeitos foram presos, incluindo o homem apontado pelas investigações como um dos possíveis autores dos disparos que atingiram o delegado. Outros três estão foragidos e são procurados, de acordo com a pasta.
Os detidos são William Silva Marques, dono da casa usada como QG do crime; Rafael Marcell Dias Simões, conhecido como Jaguar e apontado como um dos atiradores; Dahesley Oliveira Pires, acusada de ser a pessoa que buscou o fuzil no litoral paulista; e Luiz Henrique Santos Batista, conhecido como Fofão, que teria sido responsável por dar carona para um dos criminosos fugir da cena do crime.
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Os três foragidos são Felipe Avelino da Silva, conhecido como Mascherano, e Flávio Henrique Ferreira de Souza, que tiveram material genético encontrado em um dos carros usados no crime e Luis Antônio Rodrigues de Miranda, procurado por ter pedido a Dahesley para buscar um dos fuzis utilizados na execução.
Umberto Alberto Gomes, cujas impressões digitais foram localizadas em um imóvel em Mongaguá, que teria sido utilizado pela quadrilha antes do crime, foi morto na última terça-feira (30/9) após entrar em confronto com equipe do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) durante busca em Curitiba, no Paraná. Ele era apontado como um possível atirador.
Execução de ex-delegado
A polícia usa imagens de câmeras de segurança para entender a dinâmica do crime que vitimou o ex-delegado Ruy Ferraz Fontes, no dia 15 de setembro.
Um vídeo obtido pelo Metrópoles mostra o momento em que os criminosos dera início à emboscada. Eles estacionaram um carro em uma rua próxima da Prefeitura de Praia Grande, onde a vítima trabalhava como titular da Secretaria de Administração, às 18h02.
Após 14 minutos, o veículo de Ruy Fontes aparece na gravação, passa ao lado dos criminosos e é alvo de tiros. Ruy tenta fugir, mas é perseguido, bate o carro em um ônibus após cerca de 2,5 quilômetros e é executado.
Linhas de investigação
Autoridades não descartam a participação de agentes públicos na execução de Ferraz. Além de ter sido inimigo número 1 do PCC quando atuava como delegado, Ruy Ferraz tinha inimizades dentro da polícia e trabalhava como secretário de Administração em Praia Grande, onde pode ter contrariado interesses locais. Oficialmente, nenhuma hipótese é descartada pela cúpula da SSP.
Internamente na Polícia Civil, a ação tem sido comparada à execução do corretor de imóveis Vinícius Gritzbach, inimigo do PCC morto com 10 tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. De acordo com as investigações, três PMs teriam sido contratados pela facção para executar o crime.
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O velório do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes
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Entre as linhas de investigação sobre o mando do crime, a força-tarefa acredita em uma possível vingança do PCC. Ruy Ferraz foi o primeiro delegado a investigar a facção no estado, no começo dos anos 2000, e atuou na transferência de algumas das principais lideranças para presídios federais de segurança máxima, como Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.
Quem era Ruy Ferraz
- Ruy Ferraz Fontes atuou por mais de 40 anos Polícia Civil de São Paulo e era especialista na facção criminosa PCC.
- Ele iniciou a carreira como delegado de polícia titular da Delegacia de Polícia do Município de Taguaí, do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior (Deinter) 7.
- Durante a vida profissional, foi delegado de polícia assistente da Equipe da Divisão de Homicídios do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
- Também atuou como delegado de polícia titular da 1ª Delegacia de Polícia da Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc).
- Além disso, Ferraz foi delegado de polícia titular da 5ª Delegacia de Polícia de Investigações Sobre Furtos e Roubos a Bancos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e comandou outras delegacias e divisões na Capital.
- O então secretário de Administração de Praia Grande também esteve à frente da Delegacia Geral de Polícia do Estado de São Paulo e foi Diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap).
- Ele ainda foi professor assistente de Criminologia e Direito Processual Penal da Universidade Anhanguera e atou como professor de Investigação Policial pela Academia da Polícia Civil do Estado de São Paulo (Acadepol).
- Ruy assumiu a Secretaria de Administração de Praia Grande em janeiro de 2023, permanecendo na gestão que se iniciou em 2025, até ser morto nessa segunda-feira.
- O policial também foi o primeiro delegado a investigar a atuação do PCC no estado, enquanto chefiava a Delegacia de Roubo a Bancos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), no início dos anos 2000.
- Ele foi jurado de morte por Marco William Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder máximo do PCC, em 2019, após o criminoso ser transferido para o sistema penitenciário federal.
Fonte: www.metropoles.com