Quitanda, dengo, gangorra, fofoca, pamonha e mochila são apenas algumas das inúmeras palavras de origem africana que evidenciam a riqueza cultural presente na língua portuguesa. Esses e outros termos fazem parte do projeto África nas Palavras e no Nosso Cotidiano, desenvolvido com crianças do programa Educa Mais e que culminou na última sexta-feira (29) com uma exposição na EPG Zilda Furini Fanganiello, no Jardim Leblon.
Mostra de instrumentos musicais, pinturas no rosto e gastronomia africanas foram algumas das atividades com as quais as famílias e os alunos se envolveram durante a exposição, ação alinhada ao projeto anual da escola Criança Consciente.
A partir de plano de aula desenvolvido por Luciana Freitas de Araújo Dias, da EPG Zilda Furini, e Isabel Cristina Bonome, da EPG Moreira Matos, professoras do Educa Mais, as crianças participaram de rodas de conversa, leitura de textos que abordam palavras de origem africana, assistiram a vídeos, encenaram dramatizações e fizeram atividades práticas e lúdicas que reforçaram o entendimento e a valorização da herança cultural africana na língua portuguesa.
“‘Espera um pouco, deixa eu pensar’. Essa frase saiu espontaneamente da fala de uma das crianças durante a roda de conversa sobre as perguntas: de onde vieram as palavras? Quem as inventou? Quem criou a nossa língua? Que língua nós falamos? Ao ouvi-las de uma criança, uma alegria invadiu o meu coração, pois nosso diálogo estava produzindo efeitos, levando as crianças a pensar, a refletir e a buscar informações, conhecimentos de outras aprendizagens”, explicou Isabel, entusiasmada.
Nesse percurso os resultados colhidos pelas educadoras têm relação para além da ampliação do vocabulário dos alunos, pois promovem o respeito à diversidade cultural e conectam o conhecimento histórico à vivência cotidiana dos estudantes. “Ao encontrar palavras conhecidas, como farofa, perguntamos se sabiam o que significava, se já haviam ouvido ou utilizado a palavra. Isso gerou uma série de relatos espontâneos sobre o uso dessas palavras no dia a dia. Repetimos esse processo com várias palavras e, ao final da aula, os alunos ficaram impressionados com quanta África está presente no dia de alguém”, relatou Luciana.
Apoio ao ensino e à aprendizagem dos alunos
Na EPG Zilda Furini, o projeto África nas Palavras e no Nosso Cotidiano é resultado do curso Na sua Escola 2024, oferecido pelo Lab Língua Portuguesa, do Centro de Referência do Museu da Língua Portuguesa, para o desenvolvimento de projetos, realizado por meio de parceria com a Secretaria de Educação.
Além de Luciana, outros dez professores de Guarulhos participaram da formação, representantes de todas as etapas e modalidades de ensino, que teve como um de seus objetivos o desenvolvimento de materiais educacionais digitais em parceria com os professores das redes municipais.
No último sábado (30), cursistas de todo o Estado participaram de evento de encerramento do projeto e do lançamento do material com planos de aulas com temas relacionados à cultura africana. O evento aconteceu no Museu da Língua Portuguesa, na região da Luz, em São Paulo.
“Essa formação evidenciou a influência da cultura africana no nosso cotidiano, além de sensibilizar e repertoriar os professores sobre a importância de sua valorização para a nossa identidade e para o fortalecimento de práticas pedagógicas que possibilitem amplo trabalho a partir de diferentes linguagens, dentre as quais a tecnológica”, pontuou Paula Teixeira, coordenadora de Programas Educacionais da Secretaria de Educação.
Para conhecer conteúdos elaborados a partir do acervo do museu e os objetos digitais de aprendizagem voltados a apoiar o ensino e a aprendizagem da língua portuguesa nas escolas, acesse https://www.museudalinguaportuguesa.org.br/educacao/lab_lingua-portuguesa/.
Fotos: Eduardo Calabria/PMG