Pesquisadores de diferentes instituições de pesquisa e universidades brasileiras publicaram esta semana na revista Campo-Território, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), um artigo alertando para os perigos da ascensão da extrema-direita nas eleições de 2024, principalmente em cidades que já possuem um alto índice de desmatamento.
Assinado por quatorze pesquisadores de instituições como Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), o artigo relembra como se deu a votação nas eleições de 2022, com alta concentração de votos para a direita em municípios que historicamente, também são grandes desmatadores.
“Na Amazônia Legal, houve uma forte relação positiva entre a proporção de votos por município para o ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro e a perda total de floresta acumulada nos 36 anos anteriores a essa eleição (1985-2001) em cada município. Essa região de alta taxa histórica de desmatamento é, também, onde há uma concentração de diversos crimes e práticas que impulsionam impactos ambientais e sociais”, recordam os especialistas.
Segundo eles, o fortalecimento e a continuidade da convergência entre essas políticas e práticas pode levar a Amazônia ao ponto de não retorno para sua recuperação e para manutenção de seus serviços ecossistêmicos, gerando impactos ambientais e sociais irreversíveis, e trazendo graves contribuições adversas para a crise climática, dizem.
“A eleição de políticos de extrema direita em municípios brasileiros com altas taxas de desmatamento pode fortalecer políticas anti-ambientais e colocar em risco não apenas um enorme patrimônio cultural e ambiental, mas também vidas humanas”.
Segundo os pesquisadores, a reversão dessa tendência passa pela eleição de forças políticas locais e regionais que representem contrapontos às agendas anti-socioambientais que se encontram fortalecidas no contexto atual.
Como já mostrou ((o))eco, quase 70% dos deputados que hoje disputam eleições rejeitam pauta ambiental e o apoio ao tema não chega a 35% na Câmara e no Senado.