Um estudante de 16 anos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) foi aprovado no programa Prontos pro Mundo, da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP), para estudar inglês em um intercâmbio fora do país. Contudo, ao ter o laudo médico enviado para escolas estrangeiras, o jovem teve a matrícula negada por falta de infraestrutura para atender estudantes com a sua condição.
O aluno, que não teve a identidade revelada, conseguiu a oportunidade após ter as notas mais altas e bons índices de presença na escola que frequenta, em Santo André, na região do ABC paulista. Ele passou por todas as seleções do programa e foi um dos escolhidos deste ano para estudar inglês no Reino Unido.
Ao Metrópoles, a Seduc-SP informou que, durante o envio das documentações, no entanto, o garoto recebeu a notícia que teve a matrícula barrada no país britânico. De acordo com a secretaria, a decisão foi tomada após os estrangeiros receberem um laudo médico do aluno que exigia tratamentos especiais de saúde, para os quais eles alegam não garantir infraestrutura necessária.
Conforme apuração da reportagem, o documento exige tratamentos voltados ao TEA do garoto, como a necessidade de acompanhamento fonoaudiológico, psicológico e de um terapeuta ocupacional.
Apesar da negativa, outro intercambista no espectro autista já foi aceito por uma instituição de ensino no país, com embarque previsto para 1º de setembro. Outros quatro alunos também diagnosticados com TEA já conseguiram viajar para outros países, assim como um outro estudante com deficiência intelectual.
O Metrópoles questionou o Consulado Britânico em São Paulo, que decidiu não se pronunciar.
Tentativas em outros países
O Prontos pro Mundo tem parceria com quatro países participantes: o Reino Unido, a Austrália, o Canadá e a Nova Zelândia. Em busca de uma alternativa para a situação, a Seduc-SP tentou um encaixe do jovem em outra escola parceira do programa, na Austrália.
O Departamento de Educação do Estado de South Australia, porém, afirma que analisou a solicitação com os documentos do aluno e decidiu também pela negativa da inscrição. Em nota, o departamento afirmou que, para a recusa, foi pensado, “em todos os momentos, no bem-estar do estudante e o dever do órgão de cuidar dele”.
“Dadas as circunstâncias, o departamento indeferiu a solicitação, uma vez que uma família anfitriã de curta duração não teria condições de oferecer o nível adequado de suporte médico e de bem-estar necessário”, concluiu.
Com mais dois países disponíveis, a Secretaria da Educação ressalta que o processo segue em andamento. A pasta aguarda resposta do Canadá, que analisa a viabilidade de atendimento às condições exigidas para garantir o suporte adequado ao estudante. Caso a resposta canadense seja negativa, a secretaria ainda pode buscar uma vaga na Nova Zelândia.
Prontos pro Mundo
O programa Prontos pro Mundo busca viabilizar programas de intercâmbio para que pelo menos um aluno de cada município possa viajar e estudar inglês fora do país. Pautado por princípios de inclusão e equidade, a iniciativa oferece a oportunidade de intercâmbio internacional a mil estudantes da rede pública estadual por ano.
Ainda de acordo com a pasta, a seleção dos intercambistas segue critérios inclusivos para que os alunos de todas as regiões do estado tenham a oportunidade de participar da vivência escolar. A ideia é que o projeto não privilegie a concentração de alunos da capital e outros municípios maiores do estado.
Com oportunidades para todos os alunos, inclusive para aqueles com TEA e outras condições especiais de saúde, a Seduc-SP garante que as únicas impossibilidades do programa são para estudantes que não conseguirem a emissão do visto ou por terem a matrícula indeferida pelas instituições.
Fonte: www.metropoles.com