O Banco Central do Brasil, sob a liderança de Gabriel Galípolo, terá que justificar por meio de uma carta o fato de a inflação de 2024 ter superado a meta estabelecida. Galípolo, que assumiu o cargo no início deste ano depois de ser indicado por Luiz Inácio Lula da Silva, será o responsável por assinar o documento.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou o ano com um aumento de 4,83%, ultrapassando o teto de 4,5% determinado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A carta será enviada ainda nesta sexta-feira, 10, ao presidente do CMN, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, encarregado de definir as metas anuais de inflação.
Era consenso entre os agentes financeiros que o índice ultrapassaria o teto. O próprio Banco Central já havia reconhecido essa possibilidade em dezembro, afirmando que a chance de o IPCA exceder o limite superior era de 100%.
A meta central para o IPCA era de 3% para 2024, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual, resultando em um intervalo de 1,5% a 4,5%. Em 2025, o objetivo de inflação permanece inalterado, o que exigirá uma condução mais rigorosa da política de juros pelo Banco Central.
Galípolo defende endurecimento da política monetária para conter inflação
Atualmente, a taxa Selic, que serve de referência para os juros no país, está em 12,25% ao ano. As projeções do Banco Central indicam que essa taxa pode chegar a 14,25% até março.
O endurecimento da política monetária é uma estratégia frequentemente defendida por Gabriel Galípolo. Essa postura visa a consolidar sua credibilidade no comando do Banco Central, especialmente considerando sua indicação por um governo Lula que, em seu terceiro mandato, tem sido crítico em relação a taxas de juros elevadas.
O presidente e aliados da esquerda têm feito críticas sistemáticas à Selic alta, ignorando o excesso de gastos e a ausência de uma política fiscal consistente.
Histórico recente do Banco Central
Galípolo ingressou na instituição em 2023 como diretor de Política Monetária e foi confirmado como presidente em outubro de 2024, depois de passar por sabatina no Senado.
Desde o estabelecimento do regime de metas de inflação em 1999, o Banco Central já teve que explicar o descumprimento em vários anos, incluindo 2021 e 2022, quando os efeitos econômicos da pandemia de covid-19 impactaram significativamente os preços.
Roberto Campos Neto, que presidiu o Banco Central até 2024 indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, conseguiu atingir a meta de inflação em metade dos anos de seu mandato.
Fonte: Oficial