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Haddad anuncia bloqueio de R$ 5 bi e adia corte de gastos

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Haddad anuncia bloqueio de R$ 5 bi e adia corte de gastos

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta quinta-feira, 21, que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai fazer um bloqueio de cerca de R$ 5 bilhões no Orçamento de 2024.

O chefe da equipe econômica informou também que o pacote de corte de gastos vai ficar para semana que vem.

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Segundo Haddad, montante, que pode ser um pouco maior, vai ser confirmado depois de uma variável ainda em análise pelo Ministério do Planejamento. O ministro descartou, no entanto, a necessidade de um novo contingenciamento.

O novo valor de bloqueio aos R$ 13,3 bilhões que já estão travados atualmente no Orçamento. A divulgação oficial do relatório de receitas e despesas está programada para esta sexta-feira, 22.

Durante os meses de julho e setembro, o governo já havia implementado bloqueios preventivos nas despesas discricionárias, que incluem os gastos operacionais dos ministérios e investimentos públicos.

O bloqueio se torna necessário quando as despesas obrigatórias superam as previsões do Orçamento. Como os gastos estão limitados pelas regras do arcabouço fiscal, a diferença precisa ser compensada com cortes em outras áreas.

Técnicos do governo revelam que o principal responsável por essa expansão nas despesas obrigatórias foi o aumento nos gastos previdenciários, especialmente os benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Essa preocupação com a escalada das despesas previdenciárias é uma das razões para a elaboração do pacote de corte de gastos.

As medidas, aguardadas com grande expectativa pelo mercado financeiro devido às dúvidas sobre a sustentabilidade do arcabouço fiscal, têm sido adiadas sucessivamente.

Inicialmente previstas para depois da Cúpula do G20, as propostas ainda estão sendo ajustadas e devem ser apresentadas ao presidente na próxima semana. A estimativa é que o pacote seja divulgado entre segunda 25 e terça-feira 26, dependendo da decisão sobre a estratégia de comunicação.

Projeções internas do governo revelam que as medidas podem economizar cerca de R$ 70 bilhões em dois anos: R$ 30 bilhões em 2025 e R$ 40 bilhões em 2026. Questionado sobre os números por jornalistas, Haddad não os confirmou, mas garantiu que o impacto vai ser suficiente para reforçar o arcabouço fiscal.

Medidas esperadas no pacote de corte de gastos de Haddad

Entre as principais ações previstas está a limitação do ganho real do salário mínimo, com o objetivo de alinhar a valorização à expansão permitida pelo arcabouço fiscal, que varia de 0,6% a 2,5% acima da inflação por ano.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adiou novamente o anúncio de contenção de gastos | Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo

Caso sejam mantidas as regras atuais, o salário mínimo teria um aumento real de 2,9% em 2025 e mais de 3% em 2026, pressionando outras despesas públicas.

O pacote também inclui o fortalecimento de ferramentas antifraude nos benefícios sociais, com foco no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na Previdência. No entanto, propostas como a desvinculação de benefícios sociais do salário mínimo, amplamente discutidas por economistas, foram descartadas por razões políticas.

O governo estuda ainda mudanças no abono salarial, benefício pago a trabalhadores formais que recebem até dois salários mínimos.

Esse abono, que vai custar R$ 30,7 bilhões em 2025, pode ser mais direcionado aos mais pobres, o que reduziria o número de beneficiários. Contudo, alterações nesse benefício só devem gerar impactos a partir de 2027, devido ao intervalo entre a aquisição do direito e o pagamento.

Também estão em análise ajustes nas regras do seguro-desemprego. Atualmente, o tempo mínimo de trabalho exigido para ter acesso ao benefício diminui em casos de reincidência. A proposta é unificar ou tornar progressivos esses prazos, considerando mais justo cobrar exigências semelhantes para todos os trabalhadores.

O pacote também deve incluir medidas que envolvem militares das Forças Armadas, com impacto anual superior a R$ 2 bilhões.

Entre as mudanças, estão o fim das pensões para familiares de militares expulsos da corporação por condenação judicial, os chamados “mortos fictícios”, e a instituição de uma idade mínima de 55 anos para a transferência para a reserva remunerada.

Além disso, o governo pretende revisar as regras de transferência de pensão e as contribuições para o Fundo de Saúde dos militares, com o objetivo de reduzir as despesas futuras e melhorar o equilíbrio fiscal.

Fonte: Oficial