São Paulo — O Instituto Médico Legal (IML) da Vila Leopoldina, na zona oeste da capital paulista, acionou um caminhão de refrigeração para tentar dar conta da quantidade de corpos que chegam ao local desde que o IML Central foi fechado para receber exclusivamente as 62 vítimas do acidente aéreo da VoePass ocorrido em Vinhedo, no interior de São Paulo, na última sexta-feira (9/8).
Mesmo assim, parentes de mortos relatam demora na liberação de corpos desde a manhã desta quarta-feira (14/8). “Sabemos que é uma situação atípica, mas estamos rodando São Paulo há horas atrás do corpo do meu pai”, disse uma mulher de Santos, litoral paulista, após passar por três institutos. No IML Oeste, o fluxo está há três dias acima do normal. “Sem psicológico para falar. Uma bagunça”, disse uma família inconsolável na saída.
O caminhão refrigerado fica escondido nos fundos do prédio do IML Segundo a Superintendência da Polícia Técnico-Científica, o veículo “foi disponibilizado para fornecer suporte adicional, assegurando a adequada preservação dos corpos e o andamento do trabalho”.
Na tarde desta quarta-feira, a entrada e saída de carros funerários e da polícia científica no IML Oeste estava intensa. Mais de dez veículos foram vistos entre 14h30 e 16h. Por volta das 16h40, um dos motoristas comentou que a aparente calmaria era só impressão. “Está é piorando”, disse ele, fazendo sinal de silêncio. A reportagem não foi autorizada a entrar.
A estimativa é a de que até 60 corpos aguardavam liberação naquele momento. “Eu acredito que por causa do acidente sobrecarregou aqui”, comentou uma senhora do interior da Bahia. O filho de um homem que morreu nesta manhã, em um hospital da cidade, disse que não tem informações sobre quando o corpo chegará no IML Oeste. Foi enviado em dois institutos antes de chegar ao da Vila Leopoldina.
“É um um absurdo o que estamos passando aqui. Aqui é São Paulo, cidade mais rica do país”, reclamou Marcos dos Santos, que aguardava desde às 9h a liberação do corpo de um amigo. “Nem animal merece isso. Vou denunciar”, disse à reportagem.
Exausta, a filha que aguarda o corpo do pai disse que a última informação é que o corpo seria liberado às 21h. “Todo dia aprendo algo sobre o ser humano”, comentou um funcionário do local sobre a determinação das pessoas que estavam ali.
Procurada pela reportagem, a Secretaria da Segurança Pública (SSP), informou que o IML Oeste “trabalha dentro do prazo, de acordo com a complexidade de cada caso e o tempo necessário de exames e análises que cada um exige”. Segundo a pasta, a unidade recebeu reforço dos profissionais que atuam no IML Central em exames necroscópicos.
Fonte: Oficial